Reportagem da Record expõe drama de ex-goleiro bugrino Sérgio Néri. Fica a pergunta: existem amigos no futebol? Difícil

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O programa “Esporte Fantástico”, da TV Record, trouxe uma reportagem sobre a atual situação do ex-goleiro Sérgio Neri, integrante do elenco bugrino vice-campeão brasileiro em 1986 e 1987 e medalha de prata no Paulistão de 1988, graças a um gol que mudou a vida do atacante Viola.

O norte da reportagem não foi nada agradável. Uma amiga encaminhou um e-mail à emissora após fotografar o ex-arqueiro jogado na rua, com uma garrafa ao lado.

A atual esposa contou as peripécias de Neri, especialmente sua estadia como preparador de goleiro das categorias de base do São Paulo e a incursão como comerciante, o que lhe trouxe muitas dívidas. Sua meta é ir até São José do Rio Preta e reiniciar a vida.

Procurar um novo rumo profissional, especialmente se o futebol estiver envolvido. Chama a atenção a sua irritação quando o problema do alcoolismo é abordado. Não aceita. Não concorda. A imagem é devastadora. Um homem que conviveu com a vitória agora parece fadado a derrota.

Não é o caso de cobrar. Nada disso. Cada um segue seu rumo e arca com as consequências. Só considero estranho que esses ex-jogadores em péssima situação sempre vivem idêntico roteiro.

Primeiro, a glória; depois o esquecimento; a queda para um vício, seja ilícitas ou até licitas. E depois a saudade dos velhos amigos. Que em algumas oportunidades só lembram do fraterno companheiro na hora do enterro. Que ninguém se iluda: a crônica esportiva também está cheio de casos deste tipo.

Por que? Talvez porque tanto nos vestiários como entre aqueles que militam na cobertura dos acontecimentos esportivos, a união, a solidariedade, o afeto e o carinho não passa de ilusão.

No fundo, no fundo, tudo gira em torno de interesses financeiros e objetivos estabelecidos. Quando a pessoa não se encaixa mais, o descarte é imediato. E dane-se se estiver em péssima situação.

O clube também é culpado pelo quadro? Lógico. Poderia utilizar seu poderio simbólico junto aos torcedores para encontrar meios de proporcionar uma vida mais confortável para quem pendurou as chuteiras. Para quem se afasta dos microfones, o problema é o mesmo. Por isso a existência de entidades como a ACEC ou a ACEESP são fundamentais, assim como o Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo. Tratar gente como gente. Sem interesse. Sem querer nada em troca.

Bem ou mal, a postura da Rede Globo em relação aos dramas de saúde de Casagrande merece todos os elogios. Tratou o ex-jogador como ser humano. Dotado de limitações e dramas como qualquer um.

Torço por Sérgio Neri. Especialmente para que encontre amigos verdadeiros, que não queiram nada em troca e saibam lhe dar o valor que merece. Apelar aos amigos da bola? Não faria. Talvez até esquecesse. Porque amigo que é amigo lembra da gente sempre e não somente quando é cutucado. Esse, infelizmente, é a função de quem não detém algo fundamental nos dias atuais: empatia.

(análise feita por Elias Aredes Junior)

Observação: para quem quiser acompanhar, o link da matéria é só clicar abaixo:

https://youtu.be/EhIOHytmfcs