O presidente José Armando Abdalla Junior está no início de mandato na Ponte Preta. Cometeu erros, acertou em outros requisitos e pagou pela estreia no cargo máximo. O presidente pontepretano neste instante de crise não pode cair na armadilha de considerar que o poder lhe permite fazer escolhas de interlocução.
Não pode. Deve conversar e ouvir todas as tendências e se possível adotar a pluralidade como norma de conduta. Ele representa uma instituição e como tal não pode ter preferências.
Nas torcidas organizadas, Abdalla não deveria cair na trilha fácil da criminalização. Deve entender as torcidas, captar as suas angústias e conduzir para um processo que vise separar o joio do trigo. Nos instantes de sufoco ou de proximidade ao paraíso são essas torcidas que movem mundos e fundos para acompanhar a equipe e preencher as arquibancadas. Não é questão de tirar dinheiro do clube para dar os torcedores. Nada disso. É ouvir e jamais privilegiar ninguém.
Tal procedimento deve ser repetido com a imprensa. Abdalla não é presidente. Ele está presidente. Quando a instituição precisa se pronunciar de maneira mais enfática, o cargo de chefe do executivo deve tomar a frente e atender a todas as emissoras, jornais e portais. Sem distinção ou privilégios.
Nada de destinar olhos doces para emissora A ou B ou conceder facilidades para jornalista X ou Y e em contrapartida ficar com a tentação de bloquear o trabalho da imprensa livre e independente, do qual este Só Dérbi faz parte. Isenção e atendimento igualitário por parte da Presidência da Ponte Preta é pressuposto fundamental para que a imprensa faça seu trabalho com eficiência. E que o privilégio não passe a impressão de que só é possível acessar os feitos e segredos da administração caso a mídia reze na sua cartilha.
O modelo clássico e acabado disso é Eurico Miranda, que no seu tempo de presidente do Vasco proibiu a entrada de jornalistas do Lance, retaliou a ESPN Brasil e fornecia informações e entrevistas exclusivas para determinada emissora de rádio. Resultado: sua força politica foi deteriorada e precisou fazer manobras, no minimo discutíveis para impedir a ascensão da oposição ao poder.
São pequenos atos, mas que podem fazer Abdalla seguir um dos dois caminhos: ou um estadista capaz de ditar novos rumos para a Ponte Preta ou mais um personagem sugado pelos aproveitadores do poder.
Tomara que ele opte em querer entrar pela porta da frente na história da Macaca.
(análise feita por Elias Aredes Junior)