Até quando o Guarani vai depender da Juíza Ana Cláudia para resolver os seus problemas?

2
1.709 views

Compreendo a euforia do torcedor bugrino pela reaparição da juíza Ana Cláudia Torres Vianna. Responsável por reformular a sentença e colocar Roberto Graziano como novo proprietário do estádio Brinco de Ouro e viabilizar uma nova arena, a juíza auxiliou o clube a quitar boa parte dos débitos trabalhistas. Não há como fugir da constatação: o seu trabalho foi e é de excelência. Mas fica duro engolir o seu papel de eterna mediadora de conflitos dos dirigentes bugrinos. Em miúdos: por ser capacitada, articulada e inteligente, o Guarani já deveria ser uma página virada no seu rol de obrigações.

Acompanhe o raciocínio. Em julho de 2015, a juíza anulou o leilão que dava o Brinco ao grupo Maxxion e estipulou na sentença que se Roberto Graziano terá a posse da área do estádio, também é verdade sua missão de construir um estádio, um Centro de Treinamento e uma nova sede social, além de uma mensalidade de R$ 350 mil como patrocínio. Tudo isso não é caridade. É obrigação definida em sentença. Tem que cumprir e ponto.

Qual seria o cenário ideal? Que os integrantes do Conselho de Administração, responsáveis pela condução do Guarani, estivessem dispostos a cobrar do empresário a aplicação da obra. Ou definir um cronograma para aquisição e construção e isso ser comunicado aos torcedores e a Justiça. Sem necessidade de intervenção de terceiros.

Como nada disso foi feito, os prazos foram perdidos e a sensação (sensação!) que ficou era de que o Conselho de Administração não ficou atento com a função de cobrança de cumprimento da sentença. Neste contexto, um ex-presidente (Horley Senna) precisou provocar a juíza e pedir para que ela fizesse uma nova reunião para colocar tudo nos eixos.

Uma comissão será formada para definir prazos e metas para a construção e equipamentos. Ótimo. Sem a juíza, a medida teria saído do papel? Não. Ela também fará uma participação indireta no processo de escolha de cogestão. É bom? Sim. Mas também demonstra que o poder executivo do Guarani falha na sua missão. A Comissão Imobiliária luta, batalha, a Junta Juridica tem trabalho de Hércules e tudo parece parado aos olhos da opinião pública. Por que? Porque o Conselho de Administração parece não ter entendido que algumas decisões não podem ser terceirizadas. É preciso fazer e pronto.

E se um novo problema surgir no caminho? E se um novo entrave ocorrer? O Guarani precisará novamente apelar ao bom senso da juíza? Não seria melhor que os integrantes do C.A exercessem o papel de cobrar o empresário ao invés de ficar sempre na dependência da agenda da juíza para que ela atue como mediadora? Será que o Guarani está condenado a ser dependente da Justiça? Não dá para caminhar com as próprias pernas?

O Guarani não precisa somente de um novo estádio, CT e Sede Social. Precisa de paz para encarar e resolver os seus problemas.

(análise feita por Elias Aredes Junior)