O apetite de poder de Leila Pereira no Palmeiras deveria servir de alerta ao Guarani. Leia e entenda

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Acompanhei com atenção na noite de sábado a entrevista da empresária Leila Pereira no “Bola da Vez” da ESPN. Por 90 minutos, a empresária  discorreu sobre o seu relacionamento com o Palmeiras, os investimentos da Crefisa na aquisição de atletas e confessou que, com seus recursos, acompanha jogos do Palmeiras em diversas partes do país. Mesmo que ela não queira, fica claro que deixa como coadjuvante a figura do presidente Mauricio Galliotte.

Detalhe: falamos de um clube milionário, estruturado e que sem um patrocínio de ponta ainda teria condições de montar times competitivos. Só que o patrocinador não tem cerimônia sequer em interferir na vida política do clube. “Eu não quero ser dona de nada”, ela diz. Prega que deseja a autonomia do clube. Só que suas atitudes são contraditórias.

Leila Pereira deixou claro que sua vontade não pode ser ignorada. Inevitável olhar para o gigante Palmeiras e lembrar da situação do Guarani. Sim, não há comparação financeira entre os dois. Concordo. Mas a semelhança está na validade ou não em uma relação de dependência. O Guarani estuda uma parceria de cogestão e no fundo, no fundo, para sobreviver, poderá transformar o processo de cogestão em uma entrega de autoestima e soberania. Basta dizer que uma das primeiras propostas da Magnum não deixa o Guarani com o voto de minerva em decisões do futebol.

Hoje, a proximidade entre Magnum e Guarani e notória. Roberto Graziano transformou-se no fiador do atual Conselho de Administração e os bastidores do Brinco de Ouro afirmam e reafirmam que Palmeron Mendes Filho não ficaria entristecido se o empresário ganhasse o processo de disputa. Pelo contrário.

Agora, pare por um instante. Reflita. Seria salutar um clube centenário, sem recursos, mas de grande torcida, ver esvaziada a função e a força política do presidente e do seu Conselho de Adminstração? Não seria salutar batalhar por patrocínios mais robustos e o clube ter autonomia para tocar o departamento de futebol? Vou além: que utilidade terá o Conselho Deliberativo se a atividade fim do Guarani for administrada de maneira autocrática, sem espaço ao contraditório?

Pense: o Palmeiras milionário e multicampeão não segura a influencia e o poderio econômico de um patrocinador que deseja mais e mais. O que será do Guarani se Roberto Graziano tomar conta de tudo e de todos, sem abrir espaço ao exercício do poder?

É melhor viver pobre, mas com dignidade e dono do próprio nariz, do que fingir algo que na realidade não existe.

(análise feita por Elias Aredes Junior)