Tirar a Torcida Jovem é a solução para conter a violência nos estádios? Não, não é!

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O Ministério Público de Ribeirão Preto entrou com pedido para proibir a Torcida Jovem da Ponte Preta de frequentar estádios em todo o estado de São Paulo.  O motivo seria emboscada feita pela agremiação contra torcedores do Botafogo de Ribeirão Preto, que na sexta-feira perdeu do Red Bull por 3 a 1 no estádio Moisés Lucarelli. “Os fatos são graves, eles estão documentados com áudios, com vídeos, passíveis de providências criminais e administrativas. Nós já tomamos as providências criminais, requisitamos a instauração de inquérito policial para apuração dos crimes e já tomamos cautelarmente a providência administrativa para pedir que a Federação [Paulista de Futebol] proíba de agora em diante essa Torcida Jovem Ponte de participar de eventos esportivos, independentemente da tomada de providências da Promotoria do Torcedor de Campinas e de São Paulo – afirmou o promotor de Justiça José Freire Teotônio.

A medida pode soar como redentora, mas não se sustenta em pé. As pesquisas feitas pelo sociólogo Mauricio Murad afirmam que de cada 100 torcedores organizados apenas seis cometem atos violentos. Ou seja, se não conseguem controlar uma turba tão pequena, a culpa pode ser direcionada tanto as autoridades de segurança como contra os próprios comandantes de algumas torcidas organizadas.

Mais: a confusão foi fora do estádio Moisés Lucarelli. Pergunta boba e necessária: do que vai adiantar proibir a entrada dos torcedores se as confusões acontecem no lado externo dos estádios? Qual efeito prático desta medida se qualquer habitante em Campinas sabe que a sede da Torcida Jovem fica próxima do Majestoso? Alguém duvida que aqueles com ânsia de cometer delitos ainda terão todo campo de ação pela frente?

A cada ato não fica a duvida de que a questão da torcida organizada só será controlada com uma ação coordenada, com participação da Polícia Militar, Justiça e de estudiosos do assunto, que possam propor aos poderes públicos medidas que produzam resultados em médio e longo prazo. Ações de curto prazo só dão sensação de paz de cemitério em curto prazo, mas depois geram graves consequências.

(análise feita por Elias Aredes Junior)