Moisés Lucarelli, 72 anos: alguns que comemoram hoje serão os mesmos que vão exterminar um símbolo da história pontepretana

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O estádio Moisés Lucarelli comemora neste sábado 72 anos de existência. Um patrimônio do futebol brasileiro e um símbolo de resistência do torcedor pontepretano. Com toda a razão, o torcedor pontepretano tem mil e razões para encontrar-se feliz. Comemora a boa campanha na Série B do Brasileirão e ainda pode enviar mensagens de gratidão a um gigante de arquibancada que tem um coração, viabilizado a partir de várias mãos.

Interessante observar que a vida é incoerente. Corrijo, os homens. Daqui exatamente a uma semana os integrantes do Conselho Deliberativo para se reunir para encerrar o aniversário do Majestoso.

Sim, é isso na prática. Querem entregar um local tradicional, cheio de histórias e paixão para dar lugar a um empreendimento frio, distante do sentimento do torcedor e que apenas promete luxo. Como se a tudo em nossa existência fosse resumido a mordomias. As vezes ser simples e ter calor humano vale muito mais.

Pense na incoerência. Muitos dos conselheiros que hoje utilizam as redes sociais para colocar fotos e declarações de amor ao Moisés Lucarelli são os mesmos que daqui a sete dias vão enfiar uma estaca de marco zero no processo de destruição do local.

Que amor é esse que marca hora para rompimento? Que sentimento é esse que declama poema e depois implode tudo e acha que está tudo normal?

Homens que remam contra a teimosia. Querem porque querem um estádio novo sem saber o motivo. Apesar da recessão e da crise econômica. “A Ponte Preta precisa viver uma nova era”, “É preciso pagar o Carnielli”. As justificativas estão prontas. Não convencem. As lágrimas, no fundo, são de crocodilo. Se pensassem no torcedor pontepretano pobre, trabalhador e que tem o majestoso como extensão da sua vida, a decisão que tomariam seria a de uma reforma que modernizasse o estádio, não a sua destruição.

Faça uma depuração de quem hoje quer abraçar virtualmente o estádio e o legado de Moisés Lucarelli. Pois ele pode ser aquele  que vai erguer a mão para assassinar um símbolo da história pontepretana. E pior: sem remorso. Triste.

(Elias Aredes Junior)