Contratar e inflar o elenco: um mal necessário para a Ponte Preta e provocado pelo calendário da CBF

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A Ponte Preta está disposta a entrar de sola no mercado para buscar contratações. Queiramos ou não é uma medida que vai onerar a folha de pagamento. Que já é pesada, acima de R$ 1 milhão mensais.

Coloca sobre os ombros da comissão técnica uma obrigação ainda mais aguda de buscar o acesso. E fornece uma missão ao Conselho Deliberativo, que é de fiscalizar a aplicação desses recursos. Não é desconfiar de ninguém. Pelo contrário. É o papel de cada um dentro de uma instituição que deve ser exercido.

Em condições normais, as contratações não deveriam ser realizadas. Com o atual elenco deveria instituir um rodizio e com base no trabalho do departamento de fisiologia as resoluções serem  tomadas.

Mas o ano é atípico. Fornece argumentos para a tomada de algumas resoluções por vezes até temerárias. Sim, porque em novembro a Macaca fará seis  partidas, mais sete em desembro e sete em janeiro. Um calendário que seria cumprido em quatro ou cinco meses será feito em três. Não há elenco que resista. Por isso a necessidade do rodízio.

Para comprovar a necessidade de utilizar mais jogadores basta reprisar o que disse Paola Machado, doutora em Ciências da Saúde com foco em fisiologia da nutrição e fisiopatologia da obesidade (UNIFESP) e Mestre em Ciências da Saúde, em coluna feita para o Uol no dia 24 de janeiro do ano passado. “(…) Disputas competitivas envolvem demandas cognitivas e fadiga mental. A competição de futebol exacerba as respostas de fadiga e estresse ao final do jogo e após. O pico de estresse psicológico bate com o pico de estresse fisiológico nas primeiras 24, 48 e 72 horas após jogos. Por isso, é importante o atleta descansar a mente e se recuperar fisicamente. Agora entendemos melhor a pressão física e psicológica de um atleta de futebol, e o motivo de eles reclamarem de ter mais de um jogo na semana. O consenso do Comitê Olímpico Internacional estabeleceu que as partidas de futebol devem ser intercaladas por pelo menos 96 horas para proteger os atletas de lesões (…)”, afirmou a especialista.

Ou seja, na atual configuração do calendário e do futebol atual nem 72 horas são suficientes para recuperar um atleta. E um intervalo decente para recuperação será artigo raro.

Ou seja, não se espante se na reta final da Série B registrarmos equipes e mais equipes atuarem com equipes reservas ou mistas em partidas. Inclusive a Ponte Preta. Resumo da ópera: “inchar” o elenco é um mal necessário. Que tudo volte a normalidade no ano que vem.

(Elias Aredes Junior)