Ponte Preta: um restaurante em que o dono e o investidor são poupados pelos fracassos. A culpa é do gerente!

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A Ponte Preta busca um novo executivo de futebol para o lugar de Gustavo Bueno. Alguém que terá a responsabilidade de montar a equipe para a próxima temporada e contratar o técnico. Pois eu digo: está errado. O buraco é mais embaixo. Sem mudar a concepção de gestão não existe executivo que dê jeito. Qualquer um.

E vou explicar com a utilização de uma analogia. Digamos que a Ponte Preta seja um restaurante. Um local conhecido, que já foi frequentado por gente de classe média. Mas a coisa não anda nos últimos anos. O faturamento caiu e quase fechou as portas. E foi salvo graças a um investidor, amigo do dono, que emprestou uma grana para o local respirar.  O gerente foi demitido há poucos dias. Foi considerado culpado pela ineficiência do cozinheiro em fazer bons pratos e que possam atrair a clientela.

Ele foi demitido pelo dono, que tem em seu encalço o mesmo investidor, um milionário. Que não quer mais colocar dinheiro no negócio. Mas liga todo dia ao dono. Quer saber que prato vai ser servido, de que modo e como será conduzido o processo. Mais: se der abertura, ele liga direto na cozinha e modifica o cardápio juntamente com o cozinheiro. Sem contar que dá pitaco até na contratação dos garçons e do próprio cozinheiro.

Por que ele faz tudo isso? Simples: ele emprestou muito dinheiro e agora se acha dono do negócio. Não quer receber e vive dando palpite. Não desiste. Tem certeza que entende do ramo. Apesar de sequer saber fritar um ovo . Só que não existe nada mais prazeroso ao investidor do que dar pitaco no cardápio. Se der certo, ele é o gênio;se der errado, a culpa é do cozinheiro. E do dono que permitiu servir aquela porcaria.

Não é o único problema. O restaurante tem cadeiras quebras, as mesas são pessimamente cuidadas, o banheiro está em petição de miséria, a placa na parte da frente tá toda rasgada e o dinheiro é curto para fazer uma reforma.

O investidor, o milionário, propõe que o restaurante mude de lugar, mas com uma condição: ignore a classe média e direcione o seu trabalho para as classes A e B, apesar do estabelecimento comercial encontrar-se em uma cidade de médio porte e a classe alta ser muito pequena. A sedução da proposta é que o restaurante não vai pagar nada pelo novo local. O prédio antigo fica com investidor.

O tempo passa, o cozinheiro é trocado, os garçons são chamados de incompetentes, o cardápio não é renovado e a freguesia some a olhos vistos. E anos após ano, um novo gerente chega cheio de ideias e conceitos, e depois de certo tempo ele vê que não tem jeito: o investidor faz o que quer com o dono do restaurante. E  todos acham que o problema é com o gerente de plantão. Então tá.

(Elias Aredes Junior)