Ponte Preta 2020/21. A cobertura mais díficil da minha trajetória profissional. Por Elias Aredes Junior

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Administrações são trocadas, novos mandatários são eleitos e uma regra não muda na Ponte Preta: ninguém admite criticas. Querem a imprensa de joelhos. Só elogios. Ou minimizar as criticas, que fiquem desaparecidas. Não escapa um. Todos são assim. O máximo de deferência que fazem é engolir o sapo. Que querem elogios, ah, isso não há duvidas.

A Ponte Preta tem um presidente negro. Uma diretoria formada em sua maioria por negros. Eu, jornalista e negro, digo sem medo de errar: é a cobertura mais díficll da minha trajetória profissional iniciada em 1994.

Devem considerar que, pelo fato do responsável do site ser um jornalista e negro achavam que eu daria salvo conduto para todo e qualquer erro. Equivoco crasso.

Já que as criticas não cessaram o jeito foi bloquear ou postergar a divulgação das informações. Indiretamente deixam em maus lençóis a equipe de assessores de imprensa. Que fazem aquilo que é possível. Guerreiros e valorosos.

Em conjuntura critica, já perdi as contas das vezes que fiz indagações diretamente ao presidente da diretoria executiva. Recebi o vazio como resposta. Triste. Deplorável. Não para o jornalista e sim para a opinião. No começo tive alguns retornos, depois sumiu e desapareceu. História igual com o presidente do Conselho Deliberativo. Desisti. Fico apenas com os informes e prestação de serviço da assessoria de imprensa. Que tem um trabalho de excelência.

Não posso deixar de dar um exemplo. Por dias e dias, a diretoria financeira da Macaca não deu retorno sobre a ausência de quitação dos impostos devidos. Apesar do esforço e dedicação da assessoria de imprensa, que por fim conseguiu a informação.

Construíram na mente a versão de que sou teleguiado pela oposição. Ou que coordeno o grupo que se opõe a atual diretoria. Pensamento equivocado. Ao extremo. Não querem dialogar, se recusam a participar do debate da opinião pública e partem para a desqualificação do profissional com postura critica. Não são capazes de raciocinar por um segundo sequer que se estabelecessem um diálogo sadio,  as suas versões estariam presentes nos nossos textos e análises. O jornalismo deve mostrar os dois lados. Desde que o lado queira ser cordial e fornecer sua versão. Não estou aqui para construir ilações. Lido com fatos.

Tiãozinho e os componentes da diretoria executiva e o próprio presidente do Conselho Deliberativo, Tagino Alves dos Santos, se esquecem de  preceito fundamental: por terem formação de esquerda deveriam ser os primeiros a praticar a democracia de modo radical nos momentos em que recebem uma abordagem critica. Ficar com ilações de que jornalista é influenciado por A,B ou C ou que deseja  fazer a critica pela crítica é cortina de fumaça para fugir do tema principal: a saúde financeira e viabilidade da Ponte Preta.

Como são progressistas, os atuais dirigentes da Ponte Preta poderiam seguir o exemplo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que concedeu entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, um dos críticos mais ferrenhos ao seu governo de 2003 a 2010. Democracia é isso: não é apenas dialogar com quem te afaga mas com quem tem uma postura crítica.

Este Só Dérbi e jornalista não tem predileção por situação ou oposição. Seja em Guarani ou Ponte Preta. Aliás, considero que estamos a pé de lideranças em todos os grupos políticos do futebol campineiro. Minha tarefa é fiscalizar o poder. Quem não entende tal conceito lamento. Renega a democracia. Mesmo sem querer.

(Elias Aredes Junior)