A temperatura subiu no Guarani. Muito. Torcedores comuns, torcidas organizadas e grupos de Whatsapp querem a saída do técnico Allan Aal. Derrotas para São Paulo e Corinthians, a conquista de um único triunfo diante do Botafogo(SP) e algumas decisões incompreensíveis como a escalação de Romércio e de Indio deixam o clima insuportável.
Quero avisar ao distinto público que trocar de treinador não é garantia de sucesso. O próprio Guarani comprova a tese.
No ano passado, o técnico Thiago Carpini foi demitido e seu sucessor Ricardo Catalá foi um fracasso.
Retumbante.
A salvação veio por intermédio de Felipe Conceição. Registre-se: tirou muito de pouco. Em linhas gerais, a limitação técnica apareceu no ano passado como agora.
Sejamos sinceros: trocar de treinador no Guarani é loteria. Pode-se ganhar o bilhete premiado como ficar com o mico na mão. Guarani ganhou duas vezes. Pode ganhar a terceira? Pode. Mas é arriscado. Absurdamente.
Pela pregação da troca de treinador ser algo ultrapassado e por vezes sem nexo, esquece-se de preceitos do futebol atual.
Clube bem estruturado o treinador vira uma peça para a engrenagem funcionar e não um paraquedas para evitar a tragédia.
O América Mineiro está na Série B não somente porque Lisca fez um trabalho de ponta. Felipe Conceição também não decepcionou.
O que faz a diferença no Coelho é a estrutura, a filosofia estabelecida pelo Conselho de Administração local. O resto é balela.
O Atlético-GO embala o seu segundo ano na Série A. Perdeu Vagner Mancini durante o trajeto, colocou Marcelo Cabo e fez campanha digna. Mérito somente do treineiro? Ou repartido com o presidente Adson Batista que, apesar de cometer erros é um especialista no assunto chamado futebol?
O que dizer então do Juventude? Perdeu protagonistas como Breno Lopes e subiu. Será que o respaldo dado pelo técnico Pintado não tem qualquer relação? Pense, reflita.
O Guarani não precisa de salvador da pátria, seja Allan Aal ou qualquer outro profissional da bola.
O Alviverde necessita de gente que entenda do clube, dos meandros do mercado e que incuta na cabeça dos dirigentes que é preciso melhorar a estrutura mais e mais, mesmo que obstáculos jurídicos estejam presentes. Já melhorou algumas coisas? Sim. Mas é pouco para a demanda do futebol atual.
Contar com o acaso é brincar com fogo. Apostar nisso é querer se queimar. Independente de quem senta no banco de reservas.
(Elias Aredes Junior)