Com a saída definida do técnico Marcelo Chamusca, o Guarani será apresentado a realidade. Apesar dos avanços obtidos pela atual gestão, a situação financeira é delicada e a obrigação de subir na Série A-2 e carimbar a permanência na Série B do Campeonato Brasileiro são insuficientes para abrir as portas para loucuras de grande escala.
Traduzindo: o torcedor não pode e nem deve aguardar por profissionais com salários de ponta. No passado, era diferente. Em 1989, por exemplo, Evaristo de Macedo foi campeão brasileiro com o Bahia e dias depois a surpresa: estava em Campinas para assumir o Guarani. Época de Beto Zini. Acredito que não é possível sequer reviver as duas conjunturas que trouxeram Vadão em 2009 e 2012 e responsáveis por um acesso nacional e um vice-campeonato estadual. Pode acontecer? Pode. No futebol, nada é impossível. Mas é improvável.
Interessante é observar o tempo perdido nesta fase de transição. Ora, se Marcelo Chamusca terminou sua participação na terceirona e foi viajar com a família e sem dar uma resposta a conclusão óbvia é que o Guarani não era sua prioridade. Por que esperar? Se fosse real seu interesse, uma conversa pelo menos seria iniciada. Nem isso.
O vacilo fez o Alviverde abrir mão de contar com profissionais que se encaixam perfeitamente na atual conjuntura: competentes, com salários medianos, estudiosos, conhecedores do futebol e prontos para encararem os desafios da Série B. Respeito quem elege o acesso à Série A-1 como prioridade.A
Só que não é. Fracassar na parte inicial da temporada e assegurar permanência é o carimbo de obtenção de recursos robustos para 2018. Subir na Série A-2 e depois cair na Série B pode trazer uma alegria reconfortante por voltar a disputar o Paulistão, mas abre as portas para o retorno do pesadelo da Série C do Brasileirão.
Diante disso, dois profissionais já escaparam por entre os dedos. O primeiro chama-se Junior Rocha, comandante do Luverdense na atual Série B. Estudioso, monta times focados na força do conjunto e construiu uma campanha intermediária, sem passar sustos. E com poderio financeiro muito menor que o Joinville, ainda atormentado pelo fantasma do descenso. Como ele acertou com o Novorizontino, é carta fora do baralho.
Análise idêntica pode ser aplicada ao ex-centroavante Guilherme Alves, atualmente no Vila Nova. Fez boa campanha pelo Novorizontino no Paulistão e foi chamado as pressas para salvar o time goiano. Promoveu uma faxina no elenco, conviveu com salários atrasados e mesmo assim faturou quatro pontos diante do rival Goias e antes da rodada final está com 53 pontos. Um trabalho que lhe garantiu espaço no Linense para 2017.
E quer um adendo? Guilerme Alves tem experiência em divisões de acesso no futebol paulista, seja com Marília ou Novorizontino. As oportunidades aparecem. Basta aproveitá-las. Algo que deveria ser assimilado no Guarani.
Que o Alviverde saiba escolher o próximo treinador dentro de sua realidade, sem devaneios e mire no principal: a construção de uma campanha digna e sem sustos a torcida bugrina.
(análise feita por Elias Aredes Junior)