Análise: o trabalho decepcionante de Fábio Moreno na Ponte Preta e o espirito de morte que assola o futebol campineiro

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A Ponte Preta teve mais uma atuação péssima contra o Ituano. Independente da atuação do VAR, não há como contestar o rendimento. Fábio Moreno deve.

Muito.

Em conjuntura normal, seria demitido.

Sem contestação.

O presidente da Ponte Preta, Sebastião Arcanjo, considera que precisa sustenta-lo no cargo. Por mais que tenha restrições a sua gestão e por considera-lo responsável por esse estado de coisas que reina na Ponte Preta, é um direito dele. Ele está respaldado pelo estatuto. Pode adotar a postura.

Vou além: não é dever de jornalista pedir demissão de treinador. E por um único aspecto: se a diretoria atender ao chamado da imprensa e comportar-se como “gado” e der errado, os mesmos cronistas não terão responsabilidade sobre as consequências negativas que serão registradas internamente.

Somos pagos para informar e formar o torcedor. Dizer aqui que está certo ou errado. E não para trucidar personalidades. Mais: não somos os donos da cocada preta. Não temos direito de olhar de cima para baixo qualquer pessoa. Devemos sim, nos submeter a constante espirito de humildade e saber que o futebol produz eterno aprendizado e nunca considerar uma pessoa menor somente porque temos pretensamente mais conhecimento.

Fato é que existe um “espirito de morte” que reina dentro da parte crônica esportiva campineira como em parte da torcida e de toda a opinião pública da cidade. Espirito maligno, que tem na mistura da arrogância com a prepotência o seu principal combustível. Um espirito que normaliza até quando em plenas ruas de Campinas, pessoas que pensam ideologicamente diferente saem no braço. Normalização da violência em todas as suas vertentes. Digo sem medo de errar: estou fora.

Espirito desumanizado, cruel, insensível. Que não tem empatia pelo ser humano e considera que ferir e machucar as pessoas é o norte. Isso está na rua, nos meios de comunicação, na internet.  Vale tudo para prevalecer  nossas opiniões.

Fábio Moreno e outros personagens são bodes expiatórios.

São cobaias para aqueles que consideram que a violência verbal, virtual e até física são válidas na construção de seus objetivos. “Eu massacro, arrebento, mato meu oponente e está correto. Afinal, todos nós somos feridos e arrebentados no dia a dia”. Esta é premissa básica de quem aposta na filosofia do Titã Thanus da Serie Vingadores. Eliminar é o caminho para busca a paz. Nada mais furado.

Interessante dizer que não há argumentos para manutenção de Fábio Moreno. Pois eu digo que um é incontestável: no ano passado quatro treinadores atuaram na Ponte Preta. O que resolveu? A Macaca chegou ao ápice? Conseguiu o acesso? Pois é.

O mesmo ímpeto de morte, de aniquilamento não existe contra a diretoria executiva da Ponte Preta e o seu Conselho Deliberativo, responsáveis diretos por quatro anos de trabalhos ruins na Alvinegra. Subitamente, o espirito maligno que arrebenta Fábio Moreno é transformado em anjo quando se depara com os poderosos, com o status quo.

Amor ao próximo não vale somente para minha família. Empatia não é valida para meu vizinho ou colega de trabalho.  Tem que valer para todos.

Vou repetir: Fábio Moreno decepciona e muito como técnico da Ponte Preta. Precisa melhorar de maneira urgente. Agora, eu não tenho autorização para tripudiar, massacrar e depreciar o seu trabalho e nem a sua pessoa.

Futebol é, antes de tudo, um símbolo de vida e nunca de morte.

(Elias Aredes Junior)