No segundo turno da Série B de 2018, o Guarani empatou sem gols diante da Ponte Preta no Moisés Lucarelli e na entrevista pós jogo concedida pelo então volante Ricardinho, o componente do Conselho de Administração, Gilberto Moreno, levantou um cartaz provocativo à Ponte Preta.
No ano passado, foi a vez de Sebastião Arcanjo, o Tiãozinho provocar o Alviverde durante a entrevista coletiva de apresentação de João Brigatti. Atitudes que mereceram reparos e criticas deste Só Dérbi.
Não será diferente desta vez com o presidente bugrino Ricardo Moisés, que após a vitória sobre o Londrina fez uma provocação dirigida a Ponte Preta e utilizou o atacante Bruno Sávio para produzir o diálogo, que tem como conteúdo o fato de que o atacante teria mais gols na Série B do que a Ponte Preta na competição.
A frase é infeliz por diversos aspectos. Primeiro que o foco deveria ser a celebração da campanha do Guarani e especialmente do bom futebol apresentado. Vitórias convincentes e qualidade no gramado apesar das restrições orçamentárias. É um cardápio mais do que suficiente para justificar uma celebração. Não há necessidade de colocar o rival na pauta.
Ricardo Moisés infelizmente caiu no erro cometido por quase todos os dirigentes que atuaram em Campinas nos últimos 15 anos: a ausência de análise para aferir a dimensão do cargo que ocupam.
Torcedor pode, deve e tem o dever de tirar o sarro, criar memes, piadas e frases de efeito para provocar o rival do seu time do coração.
É o que move o futebol e faz com que ele tenha o sentido comunitário e de pertencimento existente no Brasil. Sem a fissura de tirar uma “casquinha” com o amigo e o vizinho o futebol já estaria morto. Há tempos.
O dirigente não tem direito ao mesmo comportamento.
Quando assume uma função no Conselho Deliberativo, Conselho Fiscal ou no Conselho de Administração precisa saber que, a partir daquele momento ele é a voz e a cara da instituição. Suas palavras precisam ser medidas. A sua postura determina a imagem do clube perante a opinião pública. Precisa abdicar de alguns comportamentos.
O papel de torcedor tem que ser momentaneamente esquecido e entra no gramado o gestor, executivo, aquele que determina os rumos. E que mostra ponderação tanto nos momentos ruins como nos bons. Sim, este é um dos ônus de que trabalha e lidera no futebol: é preciso abrir mão de algumas regalias desfrutadas pelo torcedor comum.
Que Ricardo Moisés entenda que a boa fase vivida pelo clube é motivo mais do que suficiente para celebrar e nutrir esperança de dias melhores no Guarani.
(Elias Aredes Junior-Foto de Isaac Fontana- GuaraniFC)