Oscar Salles Bueno Filho completa 74 anos neste dia 13 de julho.
Mestre Dicá.
O apelido carinhoso dado por torcedores.
O camisa 10 eterno da Ponte Preta.
O homem que calou o Morumbi no dia 09 de outubro de 1977 na vitória sobre o Corinthians por 2 a 1. Com ele em campo, a Macaca perdeu apenas três vezes para o rival Guarani. São 13 vitórias, 16 empates e apenas três reveses sobre o rival.
Histórico.
Único.
Homenagens, dados, estatísticas, curiosidades… Não faltam textos e vídeos para relembrar o ex-jogador e cidadão campineiro. Nascido e formado no Santo Odila e que ganhou os campos do Brasil.
Seu legado provoca perplexidade. Por vezes, gera um esquecimento. Deveríamos reconhecer que Dicá vai muito além de um jogador de futebol.
Dicá representa uma Campinas que não existe mais. E era feliz. Já abordamos em anos anteriores. Só nunca devemos ter pudor em relembrar esta Campinas do passado.
A Campinas do papo descontraído no Largo do Rosário e nos encontros no Eden Bar, Giovannetti e Café Regina. Dos ônibus da CCTC em circulação. Da concorrência acirrada entre Diário do Povo e Correio Popular.
Uma cidade que misturava um provincianismo inexplicável e sede de revolução e de mudança. Capaz de criar a Unicamp, outros centros de excelência e de sediar um polo de resistência à ditadura. Uma Campinas pensadora, reflexiva e que tinha no Moisés Lucarelli um dos seus pontos de encontro.
Aos domingos, homens, mulheres e crianças, de todas as idades e origens esqueciam os ditadores de Brasília, a carestia, a crise do petróleo e sentavam nas arquibancadas do Majestoso. Queriam algo simples: um gol de Dicá. De falta, chute de média e longa distância ou cabeçada mortal.
De qualquer jeito.
Sempre com o carimbo do camisa 10.
Não era um simples gol.
Era antes de tudo, um bálsamo, uma luz de esperança para resistir a um Brasil sufocante, autoritário, repressor e impositivo no final da década de 1970. A cada jogada e vitória, por intermédio dos pés de Dicá, cada torcedor pontepretano angariava coragem para vestir a força do cidadão indignado e gritar. Grito de júbilo pelas vitórias.
Brado dado ao pisar em casa para iniciar a segunda feira disposto não somente para construir uma família feliz, mas um Brasil melhor.
Com sua arte, Dicá vitalizou a vida de milhares de torcedores. Produziu sonhos. Não há como transformar a realidade sem sonhos.
Hoje, Dicá pode olhar para trás e dizer para si: eu fiz muita gente feliz. E a felicidade produziu um escudo para nutrir resistência a espera de um horizonte dourado não somente para a nação pontepretana, mas para cidadãos de uma cidade que nunca renegou sua vocação de protagonista.
Parabéns Dicá. E obrigado por tudo.
(Elias Aredes Junior- foto-pontepress-arquivo)