A vida do dirigente do futebol campineiro: com dinheiro tudo bem; sem dinheiro, tudo vai mal

0
1.071 views
Real Moeda brasileira

Falecido em 2005, o sambista Bezerra da Silva soube como poucos retratar a alma do brasileiro e especialmente do Carioca. Em um mundo materialista e que por vezes não valoriza um abraço, um aconchego e focado infelizmente apenas nos valores materiais, o dinheiro é a batuta que rege o mundo. Para alguns é um deus, como Mamon, como está descrito na Biblia Sagrada.

Focado apenas em interesses fugazes e sem qualquer solidez, o futebol é um prato cheio para colocar preços e valores nas pessoas. É repugnante, vil, nojento. Mas esse é o futebol. Um mundo mercantilista intitulado como o espaço para produzir alegria para os pobres.

E uma letra de samba do irreverente Bezerra da Silva, diz com propriedade: com dinheiro tudo bem. Sem dinheiro tudo vai mal. Não deveria ser assim o futebol e o seu entorno. Mas é.

Quer um exemplo? Os dirigentes do futebol campineiro. Perceberam como nos últimos dias eles ficaram “bonitinhos” aos olhos do público. O que explica? Uma palavra: dinheiro.

Marco Antonio Eberlin foi muito criticado. Por dois motivos. Primeiro pelo rebaixamento à Série A-2 do Campeonato Paulista. Em segundo lugar, por encontrar-se fechado ao diálogo em boa parte do tempo. Sem contar que enfrenta até hoje pedidos e mais pedidos de bloqueios de contas bancárias o que dificulta a condução dos negócios da Ponte Preta. Ué, e como o dinheiro deixou Eberlin mais “bonitinho” perante o público?

Primeiro com a venda do zagueiro DG para o Red Bull Bragantino por uma soma relevante para um beque de 18 anos. Eis que de repente a inabilidade para apostar em Dedé se transformou em genialidade com o repasse do beque. A magia do dinheiro. E quando o dirigente abre mão de dinheiro de bilheteria?

Com os ingressos fixados em 10 reais a inteira e cinco reais a meia entrada Eberlin conquista o coração do torcedor mais pobre. Que terá dinheiro para assistir ao seu clube do coração no principal clássico do interior paulista. É como já disse Bezerra da Silva: com dinheiro tudo bem. Sem dinheiro, tudo mal.

O presidente do Guarani, Ricardo Moisés, por um tempo sentiu o inverso da teoria. Tinha dinheiro, pagava em dia, e o time estava na zona do rebaixamento. Ele precisava fazer valer o médio poder econômico conseguido as duras penas. Abriu o cofre. Trouxe 10 reforços.

Tem de tudo.

O atacante Bruno Miranda, os laterais Mayk e Jamerson Bahia, o volante Richard Ríos, os meias Isaque e Alvariño, além dos atacantes Yuri Jonathan, Jenison e Edson Carioca. Com dinheiro tudo bem.

E com a gastança, a vitória sobre o Náutico e a melhoria de perspectiva para o clássico, eis que o presidente Ricardo Moisés se não ficou “bonitinho” aos olhos da opinião pública pelo menos ganhou uma trégua. Com dinheiro, tudo bem. Sem dinheiro tudo mal. Principalmente se for na Série C.

Ricardo Moisés e Marco Antonio Eberlin. Presidentes de dois clubes centenários que desejam respirar aliviados após o classico campineiro. Por que eles sabem que, mesmo se o clube estiver com dinheiro no bolso, uma derrota para o rival o decreto já estará dado: tudo estará mal.

(Elias Aredes Junior com foto de Marcello Casal Junior-Agência Brasil)