No dicionário existe uma palavra com a seguinte definição: privação, voluntária ou não, de falar, de publicar, de escrever, de pronunciar qualquer palavra ou som, de manifestar os próprios pensamentos etc.
Todo esse pensamento é o que define a palavra silêncio.
E encaixa-se perfeitamente ao Guarani Futebol Clube. O silêncio não é apenas o protagonista. É um estado de espirito que aflige o torcedor do Guarani.
Silêncio oriundo da mesa do Conselho Deliberativo e dos sete integrantes do Conselho de Administração. Um silêncio incompreensível. Que desarma qualquer espirito não pela surpresa e sim pela falta de ação.
Monte o cenário na sua cabeça. O Guarani está na zona de rebaixamento na Série C. Teve que contratar 10 jogadores e montar quase do zero uma nova espinha dorsal do elenco. Para completar, após uma vitória dramática contra o Náutico, agora precisava lutar contra tudo e contra todos no dérbi 204.
Do outro lado, uma torcida bugrina angustiada, triste, desesperada e o que é pior, com nitido sentimento de abandono, sem se sentir amparada.
E o que faz o Conselho Deliberativo na semana de preparação? Qual foi a postura e o comportamento do Conselho de Administração? Não diz nada. Nenhuma palavra. Silêncio. Mesmo com a torcida indo na despedida do elenco após o treinamento no Brinco de Ouro. Torcida que, alias, precisou conversar com os jogadores. Mas não deveria ser a diretoria? Pois é.
Veio o jogo e podemos dizer que o Guarani caiu de pé. Mas perdeu. Foi derrotado. E o sinal de rebaixamento ficou eloquente e evidente. Sincero e direto como sempre, Mozart apareceu e deu a entrevista coletiva.
E a diretoria? E a mesa do Conselho Deliberativo? Nada, nada, nada. Nenhuma palavra. O silêncio grita no Guarani. Grita por uma palavra de esperança, grita por uma expectativa de alento e ressurreição, grita e apela pela chega dos 43 pontos e a fuga da degola. O silêncio pede pela presença e altivez daqueles que conduzem os destinos do clube.
Evidente que Rodrigo Pastana será cobrado e criticado em caso de rebaixamento.
Mas agora, neste momento é injusto creditar apenas a ele a responsabilidade pela desastrosa campanha.
Se os jogadores não renderam o esperado no dérbi, não podemos dizer que a culpa é deles e sim do planejamento errático insistente que perdurou no Brinco de Ouro desde o campeonato paulista deste ano. E qual a resposta dos dirigentes? Pedido de desculpas? Declarações de otimismo? Entrevistas coletivas para passar tudo a limpo? Nada disso. O silêncio dita as normas no Guarani.
Um silêncio que apenas posterga um acerto de contas com a opinião pública que será inevitável. E que por enquanto a tabela mostra que este balanço após a 38ª rodada tende a ser amargo.
(Elias Aredes Junior-Com foto de Thomaz Marostegan-Guarani F.C)