Análise Especial: Ponte Preta, Hélio dos Anjos e o eterno conflito entre teimosia e convicção

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Nas declarações feitas para assessoria de imprensa do clube, após a derrota por 3 a 0 para a Chapecoense, um trecho dito pelo técnico Hélio dos Anjos chamou a minha atenção. Ele disse : “(…) Eu quero deixar bem claro para todos que a Ponte Preta nunca vai deixar de arriscar. E essa responsabilidade é minha. Por isso que tomamos mais dois gols na partida contra a Chapecoense. Porque a Ponte Preta não vai jogar por uma bola, a Ponte vai jogar com linha alta, a Ponte Preta vai propor o jogo e vai ser assim contra o Sport e também será assim no próximo jogo fora de casa (…)”, disse o treinador.

Antes de comentar a declaração, vamos deixar algo em pratos limpos: o trabalho de Hélio dos Anjos é bom na Ponte Preta. De 0 a 10? Nota 6, com alguns jogos com nota 07. Se levarmos em conta que falamos de um time rebaixado a Série A-2 do Campeonato Paulista, que recentemente trocou de direção, que ainda enfrenta problemas financeiros e políticos, é impossivel esconder que o treinador e a sua comissão técnica fazem aquilo que é possivel. Ou até com algumas surpresas, como a revelação de jovens como DG, Jean Carlos, Felipe Amaral e Eliel.

Ou seja, é um treinador dá retorno em curto prazo (vitórias e colocações razoavéis) e também no longo prazo, com possivel venda de jogadores. Se ele não tivesse bancado um garoto, como DG, não existiria venda e automaticamente não haveria dinheiro.

Só que existe algo que incomoda na declaração de Hélio dos Anjos e esta expressa na diferença entre convicção e teimosia.

Convicção , segundo o dicionário, é crença ou opinião firme a respeito de algo, com base em provas ou razões íntimas, ou como resultado da influência ou persuasão de outrem. Já teimosia ou simplesmente o verbo teimar significa Insistir, obstinar-se;pretender com insistência.

Percebam como a diferença é tênue. A convicção é construida em fatos concretos enquanto que a teimosia muitas vezes é fruto de algo subjetivo e que não tem sustentação na realidade.

Hélio dos Anjos sustentar em propor o jogo e insistir na marcação na área adversária é perfeitamente justificada por aquilo que o time exibe no Majestoso. Ou seja, o método é aplicado e o resultado é obtido. Ou seja, as vitórias. Dá embasamento para que ela tenha suas convicções. Em 13 jogos, são sete vitórias, quatro empates e apenas duas derrotas. São números mais do que suficientes para defender a sua metodologia nos jogos em casa.

E fora de casa? São duas vitórias, cinco empates e oito derrotas. Cá para nós: dá para dizer que o método funciona fora de casa? Ganhar dois jogos em 15 disputados produz alguma convicção? Ou demonstra que é uma teimosia da comissão técnica? Pois é.

Jogar recuado e com cuidados defensivos fora de casa não é vergonha para ninguém. Colocar o time a frente apenas e sem resultado prático é algo que as pessoas se recusam a ver: é teimosia, um comportamento construído apenas naquilo que o treinador acha que dá certo e não sobre aquilo que gera fruto concreto.

Jogo retrancado é feio? Concordo. Jogar com cuidados defensivos não traz satisfação ao torcedor? Não há dúvida. Mas desde quando o futebol é futebol, essa fórmula funciona e dá resultados fora de casa. Antes de encerrar penso que uma frase resumo o atual estado de coisas na Ponte Preta: Vergonha não é mudar de opinião e sim não ter opinião para poder mudar.

(Elias Aredes Junior com Foto de Álvaro Junior-Pontepress)