Felipe Azevedo, Rhayner, Roger e Pottker. O que vai sobrar na Ponte Preta?

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Impossível ignorar o desmanche do setor ofensivo da Ponte Preta. Começou no final do Brasileirão, quando o centroavante Roger aceitou a oferta do Botafogo e assinou um pré-contrato. Felipe Azevedo não pensou duas vezes ao abraçar uma oferta do futebol internacional e não vestirá a camisa da alvinegra em 2017. Nesta terça feira, mais notícias ruins: Rhayner está de saída ao Japão e Fernando Garcia, empresário de William Pottker, afirmou que Corinthians, China e Europa podem ser seus possíveis destinos. Nada de Ponte Preta. Nada de perspectiva de renovação de contrato.

Vou traduzir o tamanho do prejuízo em números: dos 48 gols anotados pela Alvinegra no Brasileirão, 29 foram marcado pelos quatro jogadores citados  ou 60,41% do total. Um déficit tremendo  se levarmos em conta os 52 gols sofridos no Brasileirão. Ou seja, o que decepcionou permanece; o que era bom foi perdido.

Perder estes jogadores talvez nem seja o aspecto mais grave. O futebol é negócio e é difícil combater o poderio econômico dos gigantes ou de mercados emergentes como o chinês. O jogador de futebol é um profissional como outro qualquer e precisa assegurar sua independência financeira.

O mais grave é posição apática da Ponte Preta diante dos imprevistos. Pior: existe a impressão de que a diretoria executiva considera fato normal e corriqueiro. Que não há o que fazer. Pior: a saída existia. Como? Simples: a Alvinegra poderia até perder estes atletas, mas  poderia apostar tudo na negociação de renovação de contratos e na melhoria dos valores pagos. Roger recebeu uma oferta de renovação, mas a falha de comunicação comprometeu o processo. Digamos que Rhayner e Felipe Azevedo receberam propostas de renovação e não aceitaram. Direito deles. Mas e no caso de William Pottker?

Por mais que fique bem informado, eu e qualquer repórter não tem a quantidade de informações de um dirigente. Gustavo Bueno, Vanderlei Pereira, Hélio Kazuo, Giovanni Di Marzio tem muitos contatos no mundo da bola. Será que não sentiram o perigo de Fernando Garcia em querer desprezar a Ponte Preta?

Não seria o caso de chamar o jogador, pedir uma revisão do seu contrato e até lhe conceder um reajuste salarial? Convenhamos:  melhor investir e pagar melhor um jogador de 22 anos, com 14 gols na Série A e com eficiência comprovada e com possibilidade de revenda melhor no futuro do que em um atleta de 36 anos, em final de carreira e sem garantia de rendimento de excelência? Sim, falo de Luís Fabiano.

Duro é que nada disso ocorre. Pelo contrário.

De acordo com matéria publicada pelo Uol, parte da iniciativa de vender Pottker vem da própria Ponte Preta, que consideraria o Corinthians uma vitrine adequada para uma futura venda. Mais: o próprio Vanderlei Pereira afirmou na reportagem encontrar-se atento para ouvir propostas. A torcida, por sua vez, não quer jogador para viabilizar lucro e sim um atleta capaz de levar o time a conquista de um campeonato relevante. Com intenções tão díspares de parte a parte fica difícil um acordo.

Reconheço a disparidade financeira. É um obstáculo. O que eu e os torcedores da Ponte Preta queríamos era uma diretoria com uma postura no caminho de Ayrton Senna quando pilotava a Toleman ou a Lotus: ele poderia não ter o melhor carro, mas lutava diuturnamente para evoluir e brigar com os ponteiros.  Parece que a diretoria da Macaca se contenta com a zona intermediária do grid. Uma pena.

(análise feita por Elias Aredes Junior)