Ponte Preta e a lição deixada no episódio Sidcley: sem produto atrativo não há vitrine que resista!

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De todas as negociações frustradas na Ponte Preta, talvez a de Sidcley esteja na ponta do ranking. Jovem, destemido no ataque e com belo potencial de crescimento, o jogador seria um trunfo e tanto para o técnico Felipe Moreira.

A tristeza não pode servir para passar uma cortina de fumaça sobre falta de atratividade do calendário pontepretano em relação aos concorrentes de maior projeção. Algumas escolhas e atitudes do passado geram consequências desagradáveis.

O Atlético Paranaense está em estágio avançado em relação a Macaca. Em vários aspectos. Tem um estádio moderno, um Centro de Treinamento de Primeiro Mundo e uma política de revelação de atletas que lhe colocam na dianteira do futebol brasileiro. São fatores decisivos para um jogador vestir a camisa do clube. Só que em determinadas ocasiões outros fatores podem suplantar aquilo que parece intransponível.

Reflita: se a Macaca estivesse classificada à Copa Libertadores de América, mesmo em sua fase pré-qualificatória e o Furação estivesse com o calendário da Macaca (torneio estadual, Brasileirão, Copa do Brasil e Sul-Americana será que Sidcley teria tanto furor em bater o pé? Mesmo com filho pequeno, ele teria a coragem de abrir de atuar em um clube paulista, com pagamento em dia e inserido no principal campeonato do continente Sul-Americano? Tire suas conclusões.

Vou além. Já disse por diversas vezes a percepção sobre as chances igualitárias de Felipe Moreira dar certo ou não na carreira solo. Independente deste cenário, algo é certo: o atual técnico pontepretano não é grife. Não é capaz de atrair um jogador desconhecido a desembarcar em Campinas. Nos bastidores, a presença de Paulo Autuori é enumerada como decisiva para a desistência de Sidcley. Pergunta: se o técnico fosse Guto Ferreira, Carpegiani, Oswaldo de Oliveira ou qualquer outra cobra criada o jogador não ficaria balançado?

Filho pequeno como empecilho? Pode ser. Até porque a vida de cada um deve ser respeitada. Tal postura não impede a verificação dos diversos jogadores que já saíram rumo a Europa e até as grandes potências do futebol brasileiro, apesar dos filhos pequenos ou problemas particulares. Por que?  O outro lado lhe dava atrativos para superar tudo e todos.

Esqueça as qualidades de Sidcley. Ou sua recusa e explicações. Mire-se no principal: para formar uma equipe competitiva ano após ano, a Ponte Preta precisa não só de planejamento e ambição mas de  senso de oportunidade. Detectar quando é possível avançar e fazer história.

A oitava colocação no Brasileirão foi boa? Ótima. Só que imagine se mais uma vitória e dois empates fossem conquistados hoje. A Macaca estaria eleita para disputar a Copa Libertadores e não o Furacão, que cravou 57 pontos enquanto a Macaca teve 53. Certamente Sidcley e outros pensariam duas vezes antes de dizer não.

(análise feita por Elias Aredes Junior)