Vamos falar a real: Felipe Moreira não é o técnico dos sonhos de uma parte da torcida da Ponte Preta. Por mais que dirigentes e torcedores reclamem e saiam em defesa do profissional, o fato é que o filho de Marco Aurélio Moreira é a novidade mais desprotegida de épocas recentes na Macaca. Todos os outros “novatos” sempre tinham um trunfo para apresentar e pedir um voto de paciência e confiança.
Sérgio Guedes? Bom trabalho no Sub-20. Gilson Kleina? Campanhas surpreendentes com o Duque de Caxias (RJ). Guto Ferreira? Acesso com o Mogi Mirim na Série D. Doriva? Campeão paulista com o Ituano. Eduardo Baptista? Trabalho sólido e títulos conquistados no Sport. Alexandre Gallo? Passagem pela Seleção Brasileira Sub-20.
Espernear, reclamar, protestar não tira do foco principal: Felipe Moreira pode ter sido auxiliar de vários treinadores. Porém, não estava no comando, na linha de frente. Ou seja, ele precisa conquistar resultados de modo rápido e consequentemente a credibilidade necessária junto a arquibancada. É assim que funciona o futebol.
Qual a fórmula? Existem várias saídas, mas prefiro destacar uma em especial: o trabalho na bola parada, algo já abordado em artigo anterior. Se Felipe Moreira produzir avanços neste requisito ouso dizer que a desconfiança passará em tempo recorde.
Recorde o jogo contra o Palmeiras. Quando sofria uma cobrança de escanteio ou uma falta lateral, a Macaca tinha dificuldades para ganhar a bola pelo alto e a segunda bola ficava nos pés do oponente. Pior: na bola parada ofensiva não existia uma jogada criada e concatenada. Exemplo: a batida de bola no primeiro pau para desvio e posterior complemento do atacante. Sem contar que a zaga palmeirense desvia e a Alvinegra vacilava no rebote. O saldo só não foi pior porque o contra-ataque palmeirense esteve longe da intensidade de outrora.
Se conseguir amenizar essas falhas, dois efeitos práticos acontecerão: na defesa, o rebote acontecerá e a consequente posse de bola impedirá pressão do adversário. No ataque, jogadores como Lucca e Pottker terão a chance de avançar novamente sobre a zaga oponente e produzir situações de gol. Impede-se os contra-ataques do oponente e concede-se tempo para recomposição mesmo se um passe errado ocorrer na sequência da jogada.
Estudos afirmam que 50% dos gols do futebol atual surgem a partir das bolas paradas. Se Felipe Moreira evitar e marcar gols por intermédio deste expediente, o caminho do sucesso será encurtado.
(análise feita por Elias Aredes Junior- foto de César Greco-Divulgação)