Tudo está de cabeça para baixo no Guarani. Os conceitos de normalidade encontram-se desprezados. Resumo da ópera: o presidente Horley Senna, em reta final de mandato, quer encaminhar a proposição da construção de busto para o empresário Roberto Graziano e a juíza Ana Cláudia Torres Viana. Sem rodeios ou enrolações: Ridículo. Patético. Populismo fora de moda. Uma atitude inconveniente se levarmos em conta o esforço de torcedores para a confecção de uma peça em homenagem a Carlos Alberto Silva.
Uma análise coerente fará com o vexame seja exposto. Carlos Alberto Silva é considerado por muitos, com razão, o maior técnico da história do Guarani. Campeão Brasileiro em 1978, quarto lugar na Libertadores de 1979, terceiro lugar no Brasileirão de 1994, sexto lugar em 1996 e oitavo em 1999. Revelou uma lista de jogadores que renderam dividendos: Careca, Renato, Luizão, Amoroso…Homenagem mais do que merecida.
Especialmente porque rodou por clubes e seleções e nunca esqueceu de mencionar o Guarani. Apesar dos argumentos, a atual diretoria, após a sua morte, sequer demonstrou um entusiasmo explicito pela ideia de fazer uma coleta financeira para a construção do busto em homenagem ao treinador. Talvez o ano de 1978 tenha sido riscado do mapa e não sabemos.
E Roberto Graziano? Este é um homem de negócios. Vislumbrou em uma agremiação carcomida por disputas políticas a oportunidade de ganhar dinheiro. Muito dinheiro. Realizou a toque de caixa um projeto imobiliário, obteve aprovação na Assembleia do Guarani e depois convenceu a juíza sobre a viabilidade do negócio. Isso.
Não é caridade ou ajuda, é negócio. E ele considera que vai tirar vantagem. Pagar ações trabalhistas é uma centelha perto daquilo que poderá faturar com os prédios e complexos de edifícios comerciais. Em contrapartida, a juíza apenas cumpriu com sua obrigação e seu salário é pago por impostos que nós pagamos seja por via indireta ou direta. Então eles merecem um busto. Rídiculo.
Os apressados podem argumentar: sem Graziano e a boa vontade da juíza a sobrevivência não seria possível. Argumento tosco. Especialmente porque demonstra a debilidade bugrina nos últimos anos seja para encontrar saídas criativas para a crise como para deixar o clube de pé.
A direção do Guarani comporta-se como um típico assalariado desesperado para vender sua casa. Encontra um comprador, que topa pagar pelo imóvel desde que receba um belo desconto. O vendedor aceita a oferta e de quebra faz um churrasco para celebrar, apesar do prejuízo.
Honesto, trabalhador, decente e aglutinador, Carlos Alberto Silva não merecia ter a sua memória desprezada e colocada em segundo plano por gente que nunca, jamais pisou em um gramado. Que tal aberração seja abortada por uma mente coerente e de bom senso no Brinco de Ouro.
(análise feita por Elias Aredes Junior)