Técnicos de futebol fazem mobilização nacional por aprovação de Projeto de Lei. Dirigentes do futebol campineiro estão preparados?

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Todo domingo a relação é conflituosa. Na vitória são esquecidos. A derrota os leva para o inferno. Acertam. Erram. Escalam. Arquitetam e derrubam sonhos. Comemoram títulos sem medalhas. Ganham bem? Uma ínfima parte. É para defender uma maioria de treinadores de futebol que trabalham em condições inadequadas e ainda precisam lidar com a pressão existente nos clubes tops de linha que o futebol brasileiro será palco neste final de semana de uma mobilização silenciosa.

Nos jogos dos campeonatos estaduais, treinadores, além do uniforme do clube, também vestirão uma camisa para encampar o apoio ao Projeto de Lei 7560\2014, conhecida como a lei “Caio Junior”, morto no acidente aéreo com a delegação da Chapecoense em 28 de novembro do ano passado.

A iniciativa é da Federação Brasileira dos treinadores de futebol, fundado em 19 de agosto de 2013 por iniciativa do próprio Caio Junior e de Vagner Mancini, seu substituto na Chape.

Os detalhes do Projeto

A bandeira principal da entidade é o Projeto de Lei de autoria do deputado José Rocha (PR-BA). A lei traz alterações no relacionamento dos clubes com os treinadores. Ou seja, afeta diretamente Ponte Preta e Guarani, atualmente inseridos nas competições sob a tutela das Federações e da CBF.

Caso a lei seja aprovada, só poderá exercer a função de treinador quem estiver enquadrada em uma destas condições: atletas de futebol que tenham comprovadamente exercido a profissão por três anos consecutivos ou cinco alternados; pessoas com certificado emitido pelo sindicato de atletas ou pela Confederação Brasileira de Futebol e que tenham realizado curso

de formação de treinadores, reconhecido pelos sindicatos a categoria e chancelados pela Federação Brasileira de Treinadores de Futebol. Auxiliares técnicos e preparadores de goleiros também estarão enquadrados na exigência. Os contratos, de acordo com a lei, não poderão ser em período inferior a seis meses e nem superior a dois anos.

Novo treinador, só com pagamento das verbas para o anterior

Comentarista e técnico de futebol, Zico aderiu a causa por melhores condições de trabalho aos técnicos de futebol
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O clube contratante terá a obrigação de pagar acréscimos remuneratórios em razão de períodos de concentração, viagens e pré-temporada conforme previsão contratual, que também deverá constar no contrato de trabalho.

Mais: um novo técnico só poderá ser contratado se o anterior receber todas as verbas indenizatórias e registrar a baixa no contrato. Ou seja, ficará proibida a situação atual, em que uma agremiação demite um profissional e este fica vinculado e com pagamento de honorários mesmo com a chegada de outro.

Atraso superior a três meses nos salários também provocará, segundo o projeto de lei, a rescisão automática do compromisso e a liberdade do técnico decidir se trabalhará ou não se continuar no clube.

Dorival Junior, Gilson Kleina, Vagner Mancini e outros profissionais da bola já estão engajados na causa.

Brigatti atento

Em resposta encaminhada por intermédio da assessoria de imprensa da Ponte Preta, o técnico João Brigatti esclareceu que está preocupado com o tema e tem conversando diretamente com o Vagner Mancini para saber da evolução do assunto. Brigatti, no entanto, se diz consciente que levará algum tempo para o desfecho, devido aos trâmites legais.

Mesmo assim, o ex-goleiro diz que concorda integralmente com o teor do projeto de lei e que inclusive já deveria ser algo que já era pra estar em vigor, como já acontece com os atletas desde que surgiu a lei Pelé. Para Brigatti, todos que militam no futebol, deveriam ser cobertos com este tipo de lei.

O técnico do Guarani, Maurício Barbieri não encaminhou resposta até o fechamento desta matéria e tão logo aconteça será atualizada.

(texto e reportagem: Elias Aredes Junior)