Não desdenhe dos símbolos gerados na política. Podem ser utilizados no dia a dia e até em fatos inesperados. Pegue o exemplo da Ponte Preta. Gilson Kleina está contratado e a polêmica apareceu. Claro, longe do nível exibido quando Adilson Batista foi cogitado. Mas surgiu. Assim como qualquer outro treinador teria uma parcela de resistência na arquibancada virtual da Macaca.
Culpa dos eleitos? Nada disso. Os treinadores que passaram e os próximos a serem contratados sofrem um efeito presente na política norte-americana e “degustado” na atualidade pelo grupo político comandado por Sérgio Carnielli e que recebe a alcunha de “pato manco”.
Pato manco” (lame duke) é uma expressão cunhada no século XVIII pelos anglos saxões para taxar os políticos em fim de mandato, onde até o garçom, sem a presteza de antes, já serve de má vontade o café frio. O poder é contestado diuturnamente, sem folga. O parlamento não demonstra mínima vontade de alterar a situação. A sociedade, por sua vez, não vê o momento de vislumbrar um novo poder diretivo, um novo momento, novas ideias e projetos.
Sérgio Carnielli, Vanderlei Pereira e seus aliados ainda detém a maioria do colégio eleitoral para as eleições de novembro. São favoritos. É o que interessa. No entanto, alguns sinais emitidos nos últimos meses deveriam servir de alerta para que especialistas em gestão e comunicação fossem acionados para não degringolar ainda mais um quadro que parece dramático detectado em toda a torcida, seja sócio ou não da Alvinegra.
No lado externo, as decisões do departamento de futebol são contestadas. Gustavo Bueno e Hélio Kazuo são colocados na berlinda e nunca seus medidas são aprovadas. Jornalistas diurtanamente recebem informações de que integrantes da diretoria não aprovam as diretrizes do departamento. Sintoma típico de “Pato Manco”.
No Conselho Deliberativo, quando alguém poderia imaginar como desenlace e o cancelamento da reunião para decidir sobre o destino da unidade paineiras? Conselheiros impedidos de entrar, presidente de honra sendo confrontado, comandante do Conselho com necessidade de acionar Boletim de Ocorrência. Diagnóstico claro de Pato Manco.
Em épocas anteriores,, Sérgio Carnielli e seus subordinados na área do futebol em diferentes épocas (Marco Antonio Eberlim, João Costa, Márcio Della Volpe, Dicá, Ocimar Bolicenho…) decidiam sobre o treinador, testavam e bancavam vários nomes: Oswaldo Alvarez, Guto Ferreira, Gilson Kleina, Paulo César Carpegiani, Jorginho…Um voto de confiança da torcida era concedido e a troca só acontecia em casos extremos. Hoje, as redes sociais fritam, aniquilam e condenam. Antes de pegar na prancheta. Sem dar ouvidos a opinião dos dirigentes. Claro sintoma de um mandato acometido do fenômeno do “Pato Manco”.
Percebe-se a agitação da diretoria. Quer encontrar uma saída. Revigorar-se no exercício do poder, esmagar a oposição e voltar a gozar da credibilidade de outrora. E abrir passagem para que a Macaca tenha um novo estádio, vida renovada e que pague a dívida com Sérgio Carnielli.
Trazer Gilson Kleina, no fundo, é uma tentativa de reavivar o passado. De retomar os áureos tempos. Religar as arquibancadas com o gabinete. Só que antes precisa avisar para o garçom esquentar o café e servi-lo com sabor doce e agradável. Caso contrário, o pato nem ficará manco. Ele deixará de andar. Neste caso, o que hoje é ruim poderá ficar ainda pior.
(análise feita por Elias Aredes Junior)