Volta do hit parade de 2012 demonstra que dirigentes do futebol campineiro estão com disco riscado e são incapazes de construir o futuro

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Qualquer pessoa antenada com futebol reconhece que as diretorias de Ponte Preta e Guarani acertaram ao contratarem Gilson Kleina e Oswaldo Alvarez para o comando de suas equipes.

São profissionais reconhecidos, com filosofias claras sobre a modalidade e conhecimento da estrutura dos respectivos clubes. Isso é um belo atalho. Mas esta viagem ao ano de 2012, quando ambos protagonizaram o dérbi mais importante do Século 21 demonstra de maneira cabal a derrota dos dirigentes campineiros em inovar, utilizar a criatividade como moeda de troca e viabilizar o futuro.

Gilson Kleina foi para o Palmeiras no dia 19 de setembro de 2012. Vadão desligou-se do Guarani no dia 20 de outubro do mesmo ano.

Interessante observar que após as duas saídas ambos passaram por dissabores na carreira. Vadão não emplacou no Sport e Criciúma e teve uma passagem satisfatória pela Ponte Preta, quando aceitou o convite da CBF para comandar a Seleção Feminina de Futebol e onde terminou o torneio olímpico em quarto lugar.

Já Kleina perambulou por Bahia, Avaí, Coritiba e apenas no Goiás pode-se dizer que desempenho foi satisfatório na pontuação, com 55,1% dos pontos disputados. No entanto, como são profissionais que já demonstraram qualidade, a volta de um trabalho de excelência é questão de tempo e oportunidade. Que pode ser viabilizada em Campinas.

Só que algo deve ser dito. Nestes quase cinco anos, o que fez o futebol de Campinas para subir de patamar e de certa forma abrir mão dos serviços destes profissionais e até buscar gente mais qualificada? Eu respondo: nada.

A Ponte Preta ficou refém de uma gestão personalista, em que Sérgio Carnielli dita as cartas e regras e cuja diretor de futebol não entende absolutamente nada do tema. Quando teve bons trabalhos foi por mérito dos treinadores contratados, como Guto Ferreira em 2014 e 2015 e Eduardo Baptista no ano passado. Não há filosofia de futebol, sequer uma linha de trabalho quanto a maneira de jogar. Gilson Kleina foi contratado muito mais pela sua afinidade pessoal com o presidente de honra Sérgio Carnielli do que por convicção de que o trabalho e seu estilo são os mais adequados.

O Guarani não fica atrás. Desde que Horley Senna assumiu o poder, em 2014, vários estilos de treinadores foram tentados: Marcelo Veiga, Pintado, Ademir Fonseca, Paulo Roberto…Tinha para todos os tipos e gostos. Não acertou em nenhum.

A estrutura andou no ano passado e o acesso na Série C foi obtido porque Rodrigo Pastana tinha  ideia do que era a terceirona nacional, seus obstáculos e armadilhas. E contratou um técnico talhado para a missão: Marcelo Chamusca. Deu certo. Aos trancos e barrancos. Mas deu.

Com Ney da Matta e Mauricio Barbieri ficou explícita a disputa de poder e influência entre os conservadores liderados por Horley Senna e quem desejava arejar os conceitos no Brinco de Ouro, algo defendido por Marcus Vinícius Beck Lima.

A chegada de Vadão no Brinco de Ouro e de Gilson Kleina no Majestoso mostra uma atitude em comum de dirigentes pontepretanos e bugrinos. Assim como um piloto novato incumbido de uma trajeto de grande responsabilidade e que apela ao piloto mais experiente para chegar ao destino, os dirigentes decidiram abrir mão do desconhecido.

Vão apostar em gente com credibilidade nas arquibancadas para buscar as metas. Um precisa desembarcar na Série A-1 e sustentar sua posição na segundona nacional. Outro quer disputar o título do paulistão, avançar na Sul-Americana e brilhar no Brasileirão.

Que as turbulências não provoquem uma nova troca de tripulação.

(análise feita por Elias Aredes Junior)