Camisa recebida, exames médicos realizados e Xuxa é o novo reforço da Ponte Preta. Integrantes da crônica esportiva campineira e muitos componente da torcida não gostaram da chegada do jogador de 35 anos. Este colunista também não colocaria em sua lista de prioridades, mas o seu desembarque não é a tragédia que muitos anunciam.
Precisamos analisar um conceito básico: aquilo que queremos e o que podemos. No ano passado, por falta de agilidade, a Macaca perdeu negócios de ocasião. Chupou o dedo de maneira injustificável. Exemplo: Camilo ficou dando sopa no mercado por meses e meses antes do Botafogo fechar negócio. Era um jogador de salário compatível com o padrão da Macaca. Você pode argumentar: mas tinha atleta para cumprir a função. Eu digo: não justifica. Bom negócio não se perde.
Alguns poderiam apontar em Fernando Gabriel como o nome da vez. Concordo, mas esqueçam. O jogador já está na mira de gigantes ou concorrentes de maior poderio financeiro que a Ponte Preta. Por exclusão, o nome de Xuxa encaixa-se na conjuntura pontepretana.
Não devemos ignorar a questão salarial. Para fugir de potenciais ações trabalhistas, a Macaca decidiu registrar boa parte dos rendimentos dos atletas (aproximadamente 60% do total) com registro na carteira de trabalho. Se por um lado produz segurança jurídica, em contrapartida tira o poder de fogo financeiro. Explica-se: pelas atuais leis trabalhistas, o empregador chega a pagar, no mínimo, 40% do valor do salário apenas com encargos. Ou seja, um salário de R$ 50 mil com todo o valor registrado em carteira custa, no fundo, R$ 70 mil. Repito: 40% é o patamar mínimo.
Em alguns setores da economia nacional, pode-se dobrar o custo da contratação. Vamos raciocinar: não existe no mercado armadores para ganhar R$ 100 mil mensais, o teto salarial pontepretano. Quem recebe tal rendimento ou encontra-se vinculado com algum gigante ou está apalavrado com tal. Mais: apesar da cota de televisão ter aumentado para aproximadamente R$ 32 milhões o elenco tem muitas carências e perderá peças como William Pottker.
Ou seja, a resposta será exigida por causa dos desfalques gerados pelo planejamento equivocado. Em uma de suas raras entrevistas coletivas, o presidente Vanderlei Pereira revelou a necessidade de contrair empréstimo no final do ano passado para quitar o décimo terceiro salário, as férias e outras obrigações. Ou seja, ele só tem estas obrigações porque os jogadores são registrados na carteira de trabalho. Logo, os custos de folha são maiores em comparação ao método antigo cujo o direito de imagem montava boa parte do ordenado.
Em resumo: Xuxa não será titular e não chegaria em circunstância diferente. Pode ser um bom reserva para Renato Cajá e dentro de um custo apto para a Macaca pagar. Vanderlei Pereira e Gustavo Bueno já erraram demais. No atacado e no varejo. Mas pelo cenário apresentado, não há como condená-los dessa vez.
(análise feita por Elias Aredes Junior)