Um jornalista traduz o sentimento de ser pontepretano*

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*Por Carlos Eduardo de Freitas

É muito difícil descrever o que representa a Ponte Preta na minha vida. Pode parecer exagero o que vou dizer, talvez até seja, mas o momento permite alguns excessos. A Ponte Preta transcende o futebol.

A Ponte Preta faz parte da minha rotina. É “alguém” super importante da família. Eu cresci ouvindo, assistindo e aprendendo tudo sobre a Macaca. As histórias mais bonitas, emocionantes, felizes e tristes estão vivas na minha memória.

Como esquecer da história vivida no dia 07 de março de 1965 quando minha falecida Vó Carmela organizou uma festa para o meu tio Wilson (deficiente) para celebrar o aniversário de 11 anos e também para comemorar o acesso da Macaca no provável triunfo sobre a Portuguesa Santista?

Deu tudo errado. A Ponte Preta perdeu e o tradicional “Parabéns para Você” foi regado com muitas lágrimas em virtude da derrota por 1 a 0, com gol de Samarone. Claro que não vi isso, mas os relatos me fazem sentir como a família Freitas estava naquela tarde.

Ou então o rebaixamento de 1995, quando meu pai teve que abandonar a transmissão pois este vos escreve, então com 14 anos, estava aos prantos na arquibancada após um gol de Paulinho Mac Laren para a Portuguesa de Desportos e que decretou a queda a divisão inferior.

Claro que existem histórias fantásticas, abraços calorosos e lágrimas de felicidade como os acessos de 1989, 1997 ou classificação inesquecível em Guaratinguetá no Campeonato Paulista de 2008. Ah, quanta história bonita! Quantos abraços no meu velho foram dados nestas epopeias!

Essa herança pontepretana vem dos meus avós, que tiveram a famosa paixão à primeira vista quando se encontraram com a torcida mais fanática do Brasil. Pois como um clube que não tem um título relevante consegue ficar vivo e com uma torcida alucinadamente apaixonada? Isso é a Ponte Preta.

Vamos retornar ao assunto principal. Essa nega véia “atormenta” meu ambiente desde 1986,1987 quando comecei a entender o que é futebol. E graças a Ponte Preta eu comecei a me apaixonar por rádio, por esporte, por jornalismo e me enveredei por este caminho tortuoso mas gratificante.

Mais uma vez estamos diante de uma final de Campeonato e pela enésima vez me deparo com aquele sentimento: “Será que desta vez vai? Como está seu coração? O que você está sentindo? São perguntas que eu ouço sempre quando a Ponte Preta está numa decisão. Sinceramente não sei se vai dar. Adoraria que desse certo ( talvez a maior alegria da minha vida depois do nascimento do meu filho). Seria algo épico, maravilhoso, inesquecível. Se não der, tudo bem. Para mim basta você existir como diz meu pai. Só de ver você entrar em campo eu fico feliz pois é a oitava maravilha do mundo!

(*texto de autoria do jornalista Carlos Eduardo de Freitas-Produtor da Rede Século 21 e comentarista nas Rádios Globo e CBN)