Guarani: no apagar das luzes do seu mandato, Horley Senna marca gol de placa ao bancar contratação de Richarlyson. E deixa a nova diretoria em saia justa

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Fatos excepcionais positivos devem ser ressaltados por críticos de futebol. Nem que o alvo preferencial seja o dirigente. Agora longe do gabinete principal do Guarani, o advogado Horley Senna, por incrível que pareça, pode vangloriar-se de ter marcado um gol de placa no apagar das luzes de seu mandato.

Bancar a contratação de Richarlyson, por tudo que envolveu o processo de negociação, é algo que merece deferência, apesar das toneladas de erros e equívocos de sua gestão.

O embate era claro. De um lado, os atuais componentes do Conselho de Administração que nos bastidores estavam contrários a contratação do volante tricampeão brasileiro, da Libertadores e Mundial pelo São Paulo. Do outro, estava um presidente prestes a sair e que tinha estabelecido um compromisso com o técnico Oswaldo Alvarez sobre a aquisição do jogador caso uma oportunidade fosse aberta. Senna estabeleceu tal acordo por ter sido convencido pelo técnico de que o atleta seria fundamental na montagem do elenco para a segundona nacional.

Muitos podem pensar que o dirigente foi truculento ao ultrapassar a todos, botar a caneta na mão e patrocinar a assinatura do contrato. Nada disso. Foi um ato de confirmação e de credibilidade junto ao técnico de plantão.

Digamos que o veto do Conselho de Administração fosse atendido. Que o veto oriundo até de alguns integrantes do departamento de futebol fosse levado em consideração. Detalhe: falamos de dirigentes que não conhecem nada de futebol. Zero. Ou perto disso. Ninguém tem a experiência e a cancha de um Ney Pandolfo, ou de ex-dirigentes remunerados como  Marcus Vinícius Beck Lima ou Rodrigo Pastana. Não possuem lastro suficiente para opinarem e debaterem futebol com um profissional de 60 anos de idade e que fez sua vida dentro da modalidade.

Pense, reflita: No lugar de Vadão, você  não se sentiria desprestigiado? Não teria motivo para considerar-se invadido na sua seara de atuação? Não ficaria chateado por ver colocada em duvida sua capacidade profissional? Ou você consideraria normal um pianista de música clássica apontar defeitos e dizer como deve ser feito o trabalho de um arquiteto? Ou um cozinheiro ser ensinado por um pedreiro? Tanto o pianista como o pedreiro e devem avaliar o produto final, mas nunca o processo de produção do profissional contratado.

O futebol tem dinâmica idêntica. Dirigentes podem analisar resultados e torcer o nariz para a forma do time jogar. Mas sem conhecimento teórico e prático dos bastidores e dos vestiários é até um acinte interferir no trabalho do treinador. Vou além: nem se o jogador for ruim a opinião do técnico deve ficar em segundo plano diante da opinião dos leigos. Cada profissional da prancheta tem seus critérios e por mais malucos que sejam devem ser respeitados.

Na prática, Horley Senna respeitou o trabalho de Vadão e a trajetória do jogador. E delimitou uma cerca de arame farpado nos critérios de avaliação da atual direção. Se Richarlyson atuar de modo sofrível ou exibir um ato de indisciplina uma possível demissão estará justificada. Qualquer outra circunstância fora dessas hipóteses colocará a atual diretoria bugrina em tremenda cilada.

Horley Senna certamente deve encontrar-se satisfeito. Por ter dado um xeque mate avassalador em quem desejava tirar Richarlyson do mapa.

(análise feita por Elias Aredes Junior)