Para os afoitos eu aponto pontos óbvios. Vanderlei Pereira é sujeito correto. Honesto. Deixou as contas da Ponte Preta em dia, paga salários dentro da realidade e, apesar de não ter participação direta, o seu saldo em duas participações em Brasileirões não é ruim. Tem uma decima primeira posição em 2015 e no ano passado foi oitavo lugar. Falta o título. Parece desligado da Sul-Americana e a Copa do Brasil fugiu por entre os dedos. Quanto ao Paulistão, não chegou sequer as semifinais. Fato.
Se compararmos com os gigantes, a Ponte Preta está distante dos clubes médios e precisaria dar um salto de qualidade financeiro e de elenco para chegar perto de Atlético-PR, Coritiba e Sport. Agora, a mesma Macaca colocou frente sobre todos os clubes do interior paulista. Tanto que recebe a quinta melhor cota de televisão. Com tantos feitos, por que Vanderlei Pereira não é amado pela torcida? Por que seus defensores – alguns até raivosos- não conseguem reverberar suas defesas nas arquibancadas? Motivo: Vanderlei Pereira é um presidente que peca nos detalhes.
Os detalhes são responsáveis por forjar estadistas. De cravarem o seu nome na história. Para não falar do presente, JK na sua passagem no Palácio do Planalto deixou uma característica de dinamismo, força e trabalho incansável. Quando era atacado ferozmente pelo então deputado Carlos Lacerda, JK respondia com trabalho, pacificação e aglutinação. Não caía no conto do olho por olho ou dente por dente. E tratava de formar um legado que lhe servisse de escudo em instantes dramáticos e de crise.
Pegue a máquina do tempo. Façamos uma recapitulação. Vanderlei Pereira começou o ano desgastado junto a torcida. Pelos detalhes. Perdeu Felipe Azevedo, Rhayner, Roger e a recomposição não foi a altura. Pior: elegeu um garoto como o novo “Neymar” e viu Luis Fabiano dizer adeus ao vestir a camisa do Vasco. A torcida queria um jogador de renome. Segurou Pottker? É verdade. Até maio. Depois, só o futuro dirá como o elenco vai se ajeitar sem seu principal artilheiro.
Ora, qualquer especialista em política ou de gestão administrativa sabe: nas fases de baixa popularidade, fale sim, sempre. Mas realize pronunciamentos para angariar dividendos e recuperação de moral e credibilidade junto ao seu público. Vanderlei Pereira quase não abriu a boca e quando falou caiu em uma armadilha: respondeu uma provocação infantil, tola e sem sentido do presidente do Guarani, Horley Senna.
Pense: por três anos, o atual presidente pontepretano forjou uma imagem de homem austero, compenetrado, racional e inexpugnável em relação ao fanatismo do futebol. Bastou capitular, escrever um texto longe de qualquer traço de razão para tudo desabar. Torcedores vão apoiá-lo por tal atitude? Uma parte sim. Aqueles presos aos cartolas folclóricos e fadados a ignorarem a demanda do profissionalismo.
Mas aposto que uma parte relevante detestou a atitude. Em primeiro lugar porque Ponte Preta e Guarani vivem em mundos diferentes. A Macaca disputa a Série A do Brasileirão, Paulistão e Copa Sul-Americana. O Guarani luta na Série A-2 e a partir de maio inicia uma batalha na segunda divisão do Brasileirão.
Rivalidade é saudável. Essencial ao futebol. E para os torcedores Ponte Preta e Guarani serão eternos rivais. Eles é que devem tirar sarro um ou do outro ou “secar” os duelos dos respectivos concorrentes.
Agora, o presidente de um clube ou de outro só devem se preocupar com tal aspecto quando o calendário da Federação Paulista ou da CBF determinarem um encontro entre ambos. E com três pontos em jogo. Ou um amistoso com renda revertida para instituições de caridade. Antes disso, qualquer atitude soará forçada e patética. Na boa: Vanderlei Pereira poderia ter sido poupado deste vexame.
(análise feita por Elias Aredes Junior)