A simpatia e a prosa fácil podem salvar Ney da Matta no Guarani?

2
1.153 views

A vida em sociedade deixou de ser submetida ao mérito do conhecimento e da competência. Tudo fica em torno da imagem. Não precisa ser. Basta parecer. Quando a simpatia é gerada, todo e qualquer erro é colocado em segundo plano. Ganha-se tempo considerável para que os ajustes aconteçam. Este é o momento vivido pelo Guarani, sem tirar nem por uma letra. Ney da Matta ganhou o coração de boa parte da torcida e em caso de demissão em curto e médio prazo as consequências serão imprevisíveis.

Ele é bom treinador? Sim. Tem bons conceitos táticos? Não há dúvida. Mas é impossível ignorar sua falta de rumo na definição de uma cara ao Guarani. Pegue o setor ofensivo. Na estreia, Braian Samudio ficou sozinho e isolado contra o Oeste. No jogo seguinte contra o Bragantino, Renato Henrique e Fumagalli ficaram esperando uma bola salvadora que não apareceu. Na segunda-feira, Braian Samudio voltou ao ataque enquanto que Rogério foi parceiro. Sem contar a falta de triangulação pelos lados do campo com os laterais Gilton e Lenon.

Criticas das arquibancadas? Meio a meio. Por que? Nas entrevistas coletivas, Ney da Matta adota o estilo bonachão, contador de causos e conhecer da história do clube e da força das arquibancadas. Ou seja, coloca-se como alguém a serviço do torcedor e não acima dele. Bingo. Ganhou o tempo necessário para implantar o seu trabalho e transformar uma potencial demissão em uma bomba relógio.

Não faz diferença? Recorde a Série C de 2013 quando Tarcisio Pugliese, dotado de um forte sistema defensivo levou o Guarani a liderança do turno no Grupo B e posteriormente com a queda de produção não obteve a classificação e nem a continuidade do trabalho. Um dos motivos era de que ficou fixada na mente do torcedor bugrino a imagem de um profissional arrogante, que se colocava acima de tudo e de todos. No ultimo jogo contra o CRAC, a relação de ódio ficou patente.

Ney da Matta está longe desta armadilha. Já criou anticorpos. Mas se os resultados e o desempenho no gramado não melhorarem não é difícil imaginar que o título de mister simpatia poderá evaporar em um piscar de olhos. É bom não brincar com fogo.

(análise feita por Elias Aredes Junior)