Aí você ofende o homem, Eduardo Baptista…

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Caro Eduardo Baptista,

Você é um treinador competente, cheio de manias e teorias. Fez um trabalho digno na Ponte Preta no ano passado e ganhou de presente a chance de estar nos melhores times do país no início de 2017. Sim, presente porque ninguém calcula antes do ano se um time terá ou não problemas com elenco rachado, eliminações, etc.

Ninguém dirige Sport, Fluminense, Atlético-PR, Palmeiras e, principalmente a Ponte, sem ter méritos… É bom treinador, mas infelizmente ainda despreparado para o cargo que tem.

E me encho de moral para falar o que penso, afinal, foi você quem disse – na entrevista após Palmeiras e Peñarol -, que nós, jornalistas, somos cheios de “mimimi”, não foi? Entre tantas outras ofensas descartáveis que já cansamos de ouvir.

Mas antes vamos recordar as palavras ditas por você ainda na época de Palmeiras… “As pessoas têm de ter responsabilidade. Se tiver a fonte, fala a fonte, fala quem falou. Você pode questionar uma substituição, uma escalação, eu respeito. Mas vocês conhecem a minha família, me conhecem como homem, conhecem meu pai. Falar mentira, falar que eu sou maleável, isso é ofender o homem. Você não foi leal! Fala quem foi a fonte! Quando você dá uma notícia, fala a fonte, fala de onde veio! Porque você está falando com um cara sério aqui dentro, que dá a vida trabalhando. E não tem mimimi, não tem briga, não tem porra nenhuma! Futebol hoje está parecendo revista de fofoca. O futebol está acima e eu procuro estar acima. Chega uma hora que ofende o homem, e eu sou homem para caralho”.

Eu tenho problemas com quem tem a necessidade de afirmar hombridade, mas você mesmo disse que prefere uma análise profissional. Vamos fazer um elo de ligação. Não dá para questionar nenhum técnico por atitudes como a de Rodrigo, mas a escolha de tirar Marllon – praticamente acertado com o Corinthians -, para colocar um “jogador experiente e líder” foi de quem? Porque não Marllon? Porque não Marllon e Luan Peres? A desorganização tática no segundo tempo, que culminou em três gols do Vitória, está na responsabilidade de quem? O time tem nove expulsões no Brasileirão e você ainda se irrita quando questionamos se a equipe está “pilhada”. Sério?

Ah… E, principalmente, onde estava o “homem para caralho” na hora da coletiva após o jogo? Não foi você quem disse que “a Ponte não cairia?”

Já que o jornalismo está virando uma “revista de fofoca”, como você mesmo enfatizou no primeiro semestre, não seria tão difícil enfrentar os repórteres após a partida. E falar não seria importante para nós, municiados de fatos tristes no Majestoso, mas sim para os torcedores de uma instituição centenária que deu não só ao seu pai – mas também a você – a chance de iniciar a carreira e viver do futebol. Questão de respeito. Respeito profissional.

Você ofendeu o homem, Eduardo… Na verdade, milhares. Eles estão chorando o rebaixamento do time que amam incondicionalmente. E, para você, foi só uma estatística negativa para os números que já são ruins, pois vencer três de 13 jogos não pode ser considerado bom, mas mesmo assim é melhor ir pra casa. Nenhum pedido de desculpa, nenhuma justificativa, nenhuma fala, nenhuma explicação sobre o Sheik e nenhum nada.

E só mais um detalhe: eu também estava sendo perseguido por torcedores que invadiram o gramado, mas o meu compromisso com o torcedor da Ponte Preta, que estava acompanhando meu trabalho naquele momento, me fez ir até o final da minha missão.

Quer respeito? Conquiste-o!

(análise e crônica de Júlio Nascimento)