Frutos saborosos não são colhidos do dia para noite no futebol. Tudo é parte de um processo. Erros e acertos não podem ser desconsiderados. O trabalho de Allan Aal no Guarani é interessante. Verifica-se no gramado como o trajeto de observação da comissão técnica produz efeitos. Nada é estanque, parado, sem vida.
Perceba que o treinador bugrino não compactua com o erro. Gabriel Mesquita teve erros em saída de gol e em lances de gol sofridos e Rafael Martins ganhou oportunidade. Romércio foi retirado e abriu espaço para Thalles. O primeiro é carta fora do baralho? Nada disso. Basta render nos treinamentos que a oportunidade será reaberta.
No meio-campo, no entanto, é o espaço que Allan Aal demonstrou maior a evolução no seu trabalho. Índio era presença garantida no time titular e aos poucos, o treinador bugrino percebeu que existia a necessidade de qualificação na saída de bola.
Bruno Silva não falhou e na sequência Rodrigo Andrade demonstrou-se apto para fazer a transição rápida, da defesa para o ataque e ainda qualificar a armação pela faixa central e poupando energia ao camisa 10.
O campo, a observação fez com que o treinador abandonasse o trabalho de Andrigo pelos lados (assim como Régis) e o deslocasse para a faixa central, tanto para a armação, como no ataque.
Bingo.
Gols de Andrigo contra Palmeiras, Ferroviária, Santo André e Novorizontino provou que a medida foi acertada.
Como cereja do bolo, a entrada de Davó proporcionou um contra-ataque de qualidade, e o posicionamento de Bruno Sávio pelos lados gerou um fenômeno interessante: se antes o camisa 11 bugrino tinha dificuldades para jogar pelos lados, agora parece desenvolto. O auxilio de uma metodologia de jogo com começo, meio e fim foi determinante.
Reparem que todas as medidas configuram a construção de um time. Com limitações, defeitos, problemas, típicos de um clube com orçamento reduzido.
Pode melhorar?
Pode.
Tem que ser reforçado?
Evidente.
A história de Allan Aal demonstra dois pontos: o primeiro é que Allan Aal deve ter passado por um processo de aprendizado.
Atividades, testes, convívio com jogadores, tomada de decisões…Tudo colaborou para que o Guarani apresentasse uma equipe para chamar de sua.
Neste futebol brasileiro sedento por sangue é por moer treinadores e jogadores, isso não é pouco.
(Elias Aredes Junior)