Os sete erros capitais que levaram a Ponte Preta e o técnico Fábio Moreno ao inferno

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Não trato de subjetividades. Apesar do trabalho decepcionante, Fábio Moreno vai treinar o time hoje e amanhã antes do dérbi contra o Guarani. Ficará nas arquibancadas porque está suspenso após a expulsão contra o Ituano. Ele fica. Querer forçar a barra para sua demissão é apenas e tão somente querer ver sangue na sarjeta das ruas virtuais das redes sociais.

Podemos e devemos enumerar os erros cometidos por Fábio Moreno neste Campeonato Paulista. Conjecturar em que lugar o rumo foi perdido. Sim, porque lembre-se que este Fábio Moreno, que hoje todos querem ver cravados na cruz, terminou em sétimo lugar na Série B.

Quero enumerar aqui sete erros cometidos por Fábio Moreno e sua comissão técnica neste Paulistão e que provocaram contra si esta onda de ódio e ressentimento. Confira:

  • Falta de comunicação: O elenco piorou de um campeonato para outro. Saiu de um orçamento mensal de R$ 1,1 milhão para R$ 500 mil mensais. Fato. Tanto Fábio Moreno como Sebastião Arcanjo, o presidente da diretoria executiva, deveriam ser claros com a torcida: sofrimento seria registrado, dificuldade para classificação não estaria descartada e a meta de permanência na Série B. Seriam criticados? Muito. Pelo menos a transparência prevaleceria.
  • Filosofia de jogo: Durante muito tempo, o técnico pontepretano insistiu (e ainda insiste) na tese de uma equipe propositiva, que encurralasse o oponente. Sejamos francos: não dá. É um time forjado para o contra-ataque. Até para atuar em casa. Seria algo pobre? Sim. É aquilo que pode oferecer o elenco.
  • Treinamento com outras alternativas: Luizão, Rayan, Ruan Renato…Ninguém inspira confiança. Ninguém. Não assistimos aos treinos, mas podemos chegar a conclusão de que, por exemplo, não foi testado um esquema com três zagueiros. Ou até com dois volantes. Ou um 4-5-1, com uma equipe titular mais retraída e que focasse no contra-ataque.
  • A permanência de Apodi: sob o ponto de vista de planejamento, a sua permanência foi um equivoco mas que foi construída em cima de uma análise errônea? Por que? Pela crença de que todos acreditavam na possibilidade de atuar de maneira propositiva com esse elenco. No ano passado, até dava para engolir. Dessa vez, fica difícil. Para que o procedimento não fique desperdiçado talvez o melhor seja posicionar Apodi como atacante e pedir para que utilize a velocidade como trunfo. Do jeito que está fica quase impossível.
  • As opções equivocadas escolhidas para o elenco: um amigo de profissão, ao trocarmos ideias sobre o time da Ponte Preta foi cirúrgico na montagem das opções de reservas. Sua opinião “Pedrinho não foi titular nem na Copinha do ano passado. Ganhou espaço no time B na Copa Paulista e já é titular. Moisés, bom jogador, mas há dois anos sequer existia pro futebol. Dawhan teve boa campanha no CSA e foi rebaixado junto com o Apodi. Luizão exibe limitação desde a base do Cruzeiro. É um elenco que não tem a qualidade que alguns acham”, disse. Concordo em gênero, número e grau.
  • Nervosismo x necessidade de decisão: considero que este é um ponto para Fábio Moreno refletir. Não somente para a sua gestão na Ponte Preta, mas para a vida. Durante os jogos, percebe-se que a tensão é tamanha que muitas vezes as substituições definidas não aquelas desejadas. Por vezes, ele promove uma troca e desmonta um setor. Certamente se conseguir controlar os seus nervos, a visualização do jogo será melhor e a tomada de decisão idem.
  • Falta de apoio emocional: não é fácil jogar e trabalhar na Ponte Preta. Desafio constante. É não é qualquer profissional que está preparado para atuar na Macaca. Por tal conjuntura, é inadmissível que até hoje as diretorias executivas da Ponte Preta sejam negligentes ao tema. Fábio Moreno tem formação na área? Òtimo e lhe ajudou em alguns processos, como lidar, por exemplo com a instabilidade emocional de Yuri ou as falhas de Ygor Vinhas. Precisaria de ajuda. Um profissional qualificado para acompanhar a montagem do time, a chegada dos profissionais, a formulação de entrevistas para traçar um perfil profissional de cada atleta e o necessário acompanhamento no dia a dia e com isso auxiliar em casos de emergência. Não invento a roda. É algo presente nos melhores times do mundo. Falha de Fábio Moreno? Deveria ter batido o pé e pedir a presença de alguém com tal perfil.

Os pontos enumerados são uma visão particular. Faço análise diante dos dados que tenho em mãos. E são temas que servem não para malhar Fábio Moreno ou qualquer profissional da Ponte Preta e sim para refletir. Buscar melhorias e aprimoramento. É possível sim, criticar, analisar e propor saídas sem arrebentar com o semelhante.

(Elias Aredes Junior- com foto de Miguel Schincariol-Ituano-Divulgação)