Análise: o que fazer com Eduardo Baptista na Ponte Preta? Paciência para esperar os frutos ou demissão sumária?

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Sou um adepto do trabalho de longo prazo no futebol. Dar tempo para que o treinador coloque em prática a sua metodologia de trabalho e sua visão. Obstáculos devem ser tratados de modo racional, com o dirigente sendo honesto e com argumentos na opinião pública para defender a linha de trabalho exposta. Demissão deveria ser algo riscado do mapa.

Não só pela inconveniência de demitir, mas especialmente pela quebra de elo de filosofia, algo fundamental em um futebol cada vez mais competitivo. Apesar do esforço, confesso ser cada vez mais difícil defender a continuidade do trabalho de Eduardo Baptista. Só que, apesar disso, a continuidade parece ser a trilha de menor trauma.

Esqueçam a substituição de Felipe Cardoso contra o Mirassol. Foi por lesão e aí não há muito o que fazer. Agora, o que dizer de um treinador que errou em todas as decisões nos 90 minutos? Escalou três volantes e não soube posicioná-los, deu liberdade ao oponente pelos lado do campo, não teve saída eficiente de contra-ataque e aquilo que estava bom ele conseguiu piorar. Exemplo clássico foi Daniel, que entrou bem quando foi acionado para atuar na faixa central do gramado e no domingo foi uma negação como um ala esquerdo informal.

Em contrapartida, reconheço que as opções de banco são escassas. Só que após 11 jogos na temporada, pelo menos um esboço e um modelo de jogo deveria apresentar, tanto para os confrontos em casa e fora. Temos um samba de duas notas: contra-ataque com Felipe Cardoso pelo lado e chute forte de Orinho. E só.

Qual a saída? Que Eduardo Baptista abaixasse a crista e fizesse a revisão de conceitos. E jogasse de modo claro com o torcedor: se o único caminho é a retranca, que seja. Nada de justificar erros a cada rodada pelo fato dos jogadores serem jovens. Isso todo mundo vê e sabe.

Sei que a torcida quer sua demissão. Não aceita mais o seu comando. Eduardo toma decisões que levam a esse estado de tensão. Mas se demiti-lo vai trazer quem? Brigatti, que ainda está imaturo para um cargo de tamanha envergadura? Não, não dá. Leandro Zago, que estava sendo preparado para assumir o desafio no futuro, ficou no meio do caminho.

Guto Ferreira? Seria o ideal e boa parte da torcida aprovaria. Duro é constatar que ele está em novo patamar financeiro no futebol brasileiro e que parte do grupo político reinante no Majestoso não gosta dele por ele ter ideias próprias e recusar-se ao diálogo. Ou seja, apesar de todo o esforço de Eduardo Baptista, o ideal é ainda insistir com ele e pedir para Ronaldão e Gustavo Bueno realizarem uma conversa com ele sobre como extrair muito de pouco. Confesso: só não sei se a torcida terá paciência para aguardar.

(análise feita por Elias Aredes Junior)