A fileira de culpados é extensa em relação a campanha da Ponte Preta na Série A-1 do Campeonato Paulista.
Os oito pontos somados se constituem em uma somatória de erros e equivocos adotados pela Diretoria Executiva e o Departamento de Futebol Profissional. Se o presidente Marco Antonio Eberlin e seus aliados são os responsáveis pela instituição, o inconformismo da torcida é mais do que justo.
Agora, uma pergunta deve ser feita: e os jogadores?
Qual a parcela deles nesta história?
Até que ponto eles poderiam ter evitado este desastre?
Detalhe: mesmo se escapar da Série A-2, o que nós esperamos, isso não isenta o adjetivo em relação a performance da Macaca.
Os atuais jogadores da Macaca vivem em uma situação confortavél.
Sim, é isso que você leu.
As entrevistas coletivas não são presenciais e assim perde-se a oportunidade de questionamentos mais contundentes. Os treinamentos são fechados aos setoristas.
E por que isso beneficia os jogadores?
Sem a presença dos jornalistas no dia a dia não temos a noção de quais atletas estão fazendo corpo mole, quais são dedicados, quais não querem saber de absolutamente nada, quais os atletas que tumultuam o vestiário ou que atrapalham a harmonia do trabalho…
Ou seja, uma série de cenário que, se desnudados, poderiam auxiliar a torcida a fazer a separação e a ponderação de quem são os verdadeiros e os reais culpados. E construir a dimensão exata da culpa da Diretoria. Que lógico, tem uma parcela relevante porque contratou esses jogadores. Mas e eles que fracassaram no gramado? Não tem responsabilidade nenhuma? Pois é.
Como as cobranças devem ser feitas?
Quem acompanha futebol desde a década de 1980, como eu, sabe que antigamente não era incomum que dirigentes perdessem a cabeça e adotassem até a violência física para enquadrar jogadores indisciplinados, preguiçosos, desmotivados ou as chamadas “laranjas podres”.
Em nome da civilidade- ainda bem- todos na atualidade são obrigados a nutrir um relacionamento marcado pela educação e gentileza.
Ou no máximo cobranças mais ríspidas. É o correto. Duro é que muitas vezes alguns atletas, utilizam esse clima cordial para espalhar o profissionalismo ás avessas. Não seria leviano de dizer que isso acontece na Ponte Preta, mas a blindagem vivida pelos atletas podem fazer com que muitos caminhem por tal estrada.
Para o elenco da Ponte Preta, é cômodo, é mamão com açúcar ver toda a culpa ficar nas costas do Presidente Marco Antonio Eberlin. É uma mordomia e tanto ver todo o clube ser incinerado de criticas enquanto que eles, os responsáveis pelo incêndio (afinal são eles que entram em campo) se posam de vitimas. Ou de culpados involuntários.
Penso que nesta semana de preparação antes do jogo contra o Ituano, uma pergunta deveria ser feita a cada um dos jogadores da Ponte Preta: quem realmente tem desejo de salvar o clube do pior?
Quem está afim de entregar o corpo, a alma e o coração no confronto com o Ituano?
Ou o desejo é apenas e tão somente ver o tempo passar, abraçar a preguiça e o comodismo e ignorar o sofrimento de milhares de torcedores?
Os boleiros podem até alegar: “Ninguém quer perder deliberadamente. Ninguém entrega jogo”.
É verdade.
Concordo.
Integralmente. Mas eu rebato com outra pergunta: todos os atletas que atuaram nos 11 jogos do Paulistão com 200% de vontade e dedicação? Dá para garantir isso? Ou ligaram o modo automático do 100% e assistiram a culpa ser jogada em cima do presidente? É apenas uma pergunta?
E se tudo der errado? E se o time cair? A saída é a violência fisica contra os jogadores? Nada disso. Assim como em qualquer área de mercado, os jogadores deveriam ser carimbados com o rótulo do fracasso.
Duro? Pode até ser.
Mas é incômodo demais verificar cada vez mais um futebol brasileiro em que jogadores de futebol têm 100% de direitos e quase nenhum dever.
Ou só adotam os deveres que desejam.
Isso precisa acabar.
Caso contrário, os clubes continuarão reféns de atletas marcados muito mais pela imaturidade do que pelo espirito cívico de enfrentamento das dificuldades. Chegou a hora da verdade na Ponte Preta. Espera-se que quem entrar em campo faça jus ao desafio proposto pela história.
(Elias Aredes Aredes Junior-Foto Pontepress-Diego Almeida)