Análise: Vanderlei Pereira, um presidente que pode ser eleito sem respaldo popular. Tem solução?

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Em menos de 48 horas, a Ponte Preta definirá o seu destino em médio e longo prazo. Precisa ganhar do Vitória no domingo para continuar com chances de permanência na divisão de elite. Na segunda-feira, dia 27, pelo quadro atual, uma Assembléia de Sócios será realizada para aclamar a chapa comandada por Vanderlei e condução de um novo mandato.

Para continuar em condições de encarar os gigantes do futebol nacional, a Macaca sabe que duas vitórias são suficientes. Difícil, mas não impossível. Quanto aos dirigentes, a missão é complexa. Por contar com apenas 835 eleitores,  a Ponte Preta irá conviver com um contingente eleitoral muito menor do que a sua torcida. Neste caso, o risco de distanciamento e até falta de  legitimidade são perigos reais.

A atualidade demonstra tal cenário. Vanderlei Pereira não é um presidente querido e popular. Seu distanciamento, ausência de declarações na imprensa tradicional ou nas redes sociais produziram um personagem frio, sem vibração e que na aparência parece pouco se importar com o futuro do clube.

Se fosse presidente de uma empresa certamente não seria cobrado porque os resultados financeiros falariam nas assembleias de sócios. Só que falamos de um clube de massa, popular e que teve na sua história dirigentes que nunca foram omissos no contato com a opinião pública. Pedro Antonio Chaib, Lauro Moraes, Edson Aggio, Márcio Della Volpe e Nivaldo Baldo podiam ser acusados de nutrir mil e defeitos, mas nunca de falar e prestar contas a nação pontepretana. Não, falar apenas no Conselho Deliberativo é insuficiente.

Seria demérito esquecer as inúmeras entrevistas concedidas por Marco Antonio Eberlim às rádios de Campinas quando estava no comando do futebol da Macaca entre 1997 e 2006. Sim, Eberlim não era campeão da simpatia com os jornalistas e muito menos com os torcedores. Mas falava, explicava, debatia. Assim como os outros dirigentes citados.

Sérgio Carnielli poderia ajudar Vanderlei Pereira a fugir desta armadilha da impopularidade. Se foi por cuidado judicial ou não, o fato é que também adotou o silêncio.

Resumo da ópera: durante todo o Brasileirão, o torcedor pontepretano viu o avião da Macaca cair em queda livre e na hora das explicações não recebeu uma justificativa do comandante e sim do comissário de bordo Gustavo Bueno.

Surgir após o jogo contra o Fluminense e reclamar contra a arbitragem de Anderson Daronco ameniza o distanciamento, mas não resolve.

Se for eleito para novo mandato, Vanderlei Pereira precisa ter consciência de que sem a legitimidade, respaldo e carinho das arquibancadas sua gestão será eternamente turbulenta. Um governante de direito mas sem a legitimidade de fato dos torcedores.

Esticar a mão em sinal de paz e conversar sem amarras com o torcedor. Sem tais predicados, escapar do rebaixamento será o prolongamento do purgatório. E em caso de queda será o símbolo para transformar a Ponte Preta em um  inferno. É hora de deixar o revanchismo de lado. Antes que seja tarde. (análise feita por Elias Aredes Junior)