A cada notícia de um clube interessado em Clayson, o alarido é intenso na torcida da Ponte Preta. Poucos esquecem as pixotadas cometidas pelo jogador, especialmente nas oitavas de final da Copa do Brasil, contra o Atlético Mineiro, quando perdeu a bola de maneira displicente e proporcionou o gol de Lucas Pratto, o início da construção da desclassificação.
Ao contrário do que possam imaginar, a saída do atleta criará uma dor de cabeça para a comissão técnica da Macaca, tanto no setor ofensivo como no defensivo.
Hoje, as tarefas estão bem delimitadas aos três atacantes. Lucca retorna e auxilia o lateral-esquerdo de plantão, Clayson auxilia na recomposição e marcação pelo lado direito e William Pottker é o único que não precisa ficar fissurado em cercar o oponente. Basta que fique pronto para puxar o contra ataque e desafogar a defesa acossada.
Destes três, Clayson é o único capaz de voltar para marcação e exibir um fôlego invejável para sair ao ataque. Fato. Só questão de observação. Erra passes? Abusa do drible? Não nego. Chega a ser irritante. Mas não podemos esquecer que no período em que toque de bola era proibido no time titular e a ligação direta era ativo monopolizado, o atacante era o único que recebia e construía as jogadas ofensivas.
Concordo integramente com a tese de que o poderio ofensivo é passível de recomposição com a venda de Clayson. Como William Pottker já de contrato acertado com o Internacional e com a saída de Clayson, basta reposicionar Lucca, apostar em Yuri ou contratar ou outro atacante e o arranjo está feito.
Mas e as tarefas defensivas executadas por Clayson? E o seu trabalho de desafogo? Quem vai fazer com eficiência neste atual elenco? Hoje, eu respondo com segurança: ninguém. A Macaca terá que sair a campo e contratar. E não há garantia de que a reposição será certeira. Ou seja, encontrar um atleta capaz de criar, recompor na defesa e não apresentar um níquel sequer de queda no rendimento.
Vou reforçar aqui: respeito e entendo o torcedor pontepretano que não perdoa Clayson pelos erros cometidos. Compreendo a raiva por seus vacilos que custaram pontos emblemáticos no Brasileirão do ano passado, como a cotovelada desferida no lateral-direito Edilson e que deixou a Ponte Preta com 10 jogadores desde os 39 minutos do primeiro tempo e que culminou com a derrota da Alvinegra por 1 a 0. Como é tragicômico esquecer o seu “piti” diante do Botafogo, no Rio de Janeiro e que culminou com nova expulsão.
Só que tais deslizes não podem esconder a lacuna que ele produz no aspecto tático. Tenha certeza: só a cogitação faz o técnico Gilson Kleina coçar a cabeça à procura de uma solução. Não será fácil.
(análise feita por Elias Aredes Junior)