Horley Senna não para de falar. É verborrágico. Escreve textos provocativos no site oficial do Guarani e em entrevistas coletivas faz citações desnecessárias a Ponte Preta. Parece tal reclamação vir de um profissional de incoerência a reclamação vir de um profissional de mprensa. Não é. A comparação com outros dirigentes e circunstâncias produz a conclusão de que o dirigente bugrino não tomou um remédio fundamental: simancol.
Ele não está sozinho. Outros dirigentes já escorregaram. Feio. Dou dois exemplos. Veja esta declaração: “Quem paga o salário do jogador é a torcida. Se quiserem virar a mesa, chamar a polícia, fazer o que for. E se eles tomarem um cacete na madrugada não vai fazer mal nenhum”. Esta é de autoria de Alexandre Kalil, hoje prefeito de Belo Horizonte e que por vários anos comandou o Atlético Mineiro. Infeliz. Especialmente porque incitou a violência.
Quer outro exemplo? Então lá vai: “Qual vai ser o estádio de São Paulo para o Mundial? Se faz o estádio em Itaquera, como faz para chegar lá? A [chanceler alemã] Angela Merkel vai ter de sair de lá em um carro de bombeiro”. Juvenal Juvêncio, falecido, é o autor da frase preconceituosa contra os moradores da zona leste. Lamentáveis as declarações.
No entanto, é preciso fazer uma busca na internet para relembrá-las. Por que o esquecimento coletivo? O legado explica tudo. Você até não gostar destes cartolas, mas eles produziram resultados. Juvenal foi tricampeão brasileiro como presidente e como diretor de futebol faturou o Mundial de Clubes e a Libertadores de 2005, além do Campeonato Paulista do mesmo ano. Soberbo. Kalil, por sua vez, honrou o nome do pai e tirou o Atlético Mineiro de um jejum de títulos relevantes ao conquistar a Copa Libertadores de 2013 e a Copa do Brasil do ano seguinte.
E Horley Senna? Entrelaçado com as eclarações infelizes e inconsequentes, Horley faz uma fileira de feitos da sua administração e de seu grupo político, incluindo o acesso na Série C. Lógico, ao comparar seus feitos com os de Alvaro Negrão, o último ocupante do cargo, a diferença é notável. Mas e se compararmos Horley Senna com Ricardo Chuffi, o presidente do título de 1978? E com Antonio Tavares, responsável pela construção do Tobogã? E com Leonel Martins de Oliveira, presidente por sete anos na década de 1970 e vice-campeão brasileiro em 1986 e 1987 e condutor dos acessos na Série A-2 em 2007 e 2011, na Série C de 2008 e na Série B de 2009? Perto destes, com todo o respeito, Horley é uma palha, uma agulha.
Suas declarações infelizes direcionadas a Ponte Preta só ganham relevância porque seu grupo político aproveitou-se de um vácuo de lideranças e de esvaziamento para se impor. Traduzindo: em 2011, quando Leonel Martins foi eleito pela última vez, o Guarani tinha 1,1 mil sócios para votar. Hoje, se passar de 510 será muito. Um vexame.
Horley brada e dispara frases sem conteúdo e sentido em um ambiente desolado. Um clube dependente de um empresário que não vê a hora de meter a marreta para derrubar as paredes de um estádio histórico na cidade. Uma agremiação hoje satisfeita em sustentar-se na Série B do Brasileirão e que no passado lutava pelas primeiras posições de campeonatos de primeira divisão. Motivo da cautela: sabe que não tem estrutura para o futebol do Século 21.
Não custa recordar: Horley é adepto da entrevista chantilly: com volume, doce e poucos nutrientes. Ao direcionar seu foco ao rival que hoje não está em seu radar e Horley Senna pensa que seu doce envenenado pode atrapalhar a vida do torcedor pontepretano. Mal ele sabe os estragos causados a torcida bugrina e ao seu próprio nome na história, que caminha a passos largos para se transformar figura em folclórica e pronta para ser esquecida assim que o Guarani subir de patamar. A cada frase infeliz, Horley Senna torna-se um craque na arte de marcar gol contra.
(análise feita por Elias Aredes Junior)