Esqueça por um instante o fanatismo. Tire as vendas da paixão. Coloque de lado a trajetória, os títulos, o peso da camisa, a força da torcida. Sejamos racionais e realistas. Sem disfarces. Tente responder uma pergunta: é uma boa oportunidade profissional treinar o Guarani em 2019?
Antes de você xingar pondere os fatos. O treinador contratado terá a chance de disputar a Série B do Campeonato Brasileiro, atuará em um grande centro do futebol (São Paulo) e estará inserido em um clube com cobertura ostensiva de vários veículos de comunicação.
Ou seja, se o escolhido tiver bom aproveitamento e trabalho, novas portas serão abertas. Vide o que ocorreu com Umberto Louzer, que saiu daqui, passou pelo Vila Nova e agora no Coritiba. Antes do Guarani, esteve no Nacional e no Paulista de Jundiaí. Inegável: o título da Série A-2 subiu seu patamar. Fato.
Dirigir uma equipe que foi campeã brasileira de primeira e de segunda divisão é um currículo e tanto.
Só que nem tudo são flores. Você torcedor bugrino, que se recusa a enxergar a realidade, tem certeza que o mundo da bola não sabe do que acontece aqui? Ou seja, o treinador vai desembarcar em um clube em pé de guerra, com diversas alas políticas loucas por poder e cujo os projetos pessoais sobrepõe aos coletivos. Como ter paz para trabalhar?
Se algum pretendente conversar com Louzer, Vadão, Lisca, Marcelo Cabo e agora Osmar Loss certamente receberá o diagnóstico: o Guarani tem um Conselho de Administração fraco no exercício do poder e que não transmite confiança a sua torcida, cada vez mais irritadiça e participante de protestos. Junte isso a uma estrutura deficitária, que não dá condições de trabalho adequada em comparação aos concorrentes da segundona e faz com que tudo seja improvisado.
Pondere, pense reflita o quanto é difícil convencer um treinador de qualidade a vir para o Guarani. Não só pelas condições financeiras, mas por tudo que cerca o trabalho da comissão técnica.
O passado seduz para trabalhar no Guarani. Presente e futuro colocam o profissional em posição de cautela. A vida de Fumagalli e Marcus Vinicius Beck Lima não é fácil.
(artigo escrito por Elias Aredes Junior)