Como fazer uma criança ficar apaixonada pelo Guarani?

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Hoje tem Manchester City x Real Madrid pela Liga dos Campeões. Certamente as emissoras que detém os direitos de transmissão vão faturar muito em termos de audiência e repercussão. Mais tarde, a Copa Libertadores tem como atração o jogo entre Boca Juniors e Corinthians na Neo Quimica Arena. Dois grandes jogos. E são estas grandes partidas que funcionam como imã para atrair torcedores das mais diversas faixas etárias de idade. Afinal, a vitrine é atrativa, o interesse é genuino. Olho para este cenário e imagino como deve ser dificil ser pai torcedor do Guarani e convencer o seu filho a torcer pelo alviverde.

Tudo joga contra. Campinas é na atualidade um local que basicamente tem forte presença de torcedores do Corinthians, São Paulo e Palmeiras. Ao contrário dos anos 1970 e 1980, em que a cidade era simplesmente dividida ao meio, na atualidade existe a impressão as vezes que Ponte Preta e Guarani estão sediadas em Campinas de favor.

Na escola, no clube social ou em outros locais, crianças e adolescentes, que já torcem para outros clubes é óbvio que vão tentar vender o seu peixe, ou seja, a paixão pelos gigantes. Como viabilizar que o Guarani cresça de maneira exponencial. E neste caso pouco resolve lotar a internet de grupos de discussão, presença em grupos de Whatsapp ou podcasts e produtos especificos. A realidade é devastadora e cobra sua fatura.

Agora, no caso do Guarani, um fator atrapalha para que a sua torcida cresça ainda mais entre criançãs e adolescentes: os resultados. O passado também é atrativo. Evidente que você contar a história de um clube campeão brasileiro de 1978, campeão da Taça de Prata de 1981, vencedor da Série A-2 de 2018 são atrativos mais do que suficientes para balançar o coração de uma criança indecisa. Mas como fugir dos tempos sombrios vividos entre 2001 e 2013, quando o Guarani vivenciou 10 rebaixamentos em competições regionais e nacionais? Uma mácula de vergonha que serviu de argumento implacável para os rivais. Quem tiram sarro sem perdão. E de modo indireto constróem mais uma barreira para que crianças fiquem seduzidas pela camisa verde.

É bom que se diga: as ultimas diretorias bugrinas nada fizeram para mudar esse estado de coisas. Poucos programas especificos, incentivos escassos para levar a garotada ao estádio…Enquanto isso, a televisão ligada na sala aos domingos acaba sendo uma armadilha para fazer com que o pai bugrino ou mãe bugrina convivam com um filho santista, palmeirense, corinthiano ou são paulino.

Sim, é complicado buscar uma solução. Os recursos são escassos e o cenário é adverso. Mas de algo tenho certeza: a solução está longe de ser individual. Não adianta querer bancar uma de super herói.

Só uma mudança de foco e direcionamento de toda a comunidade pode mudar o rumo da prosa. E vou além: as torcidas organizadas precisam ser envolvidas na discussão. Alguns torcedores cometem atos violentos? Sim. E devem ser punidos. Exemplarmente. Mas isso não pode deixar de que as pessoas ignoram que estas entidades são aquelas com maior de atração aos adolescentes e jovens. Se o Guarani é hoje uma torcida vibrante e fanática, em boa parte é por causa da ação forte das torcidas organizadas, que no final das contas fizeram a renovação que o clube não conseguiu implementar.

Será que não é possivel encontrar um meio-termo? Será que ações e atitudes positivas das torcidas organizadas não podem ser utilizadas pelo clube para que isso se reverta em aumento substancial da torcida na cidade de Campinas? O que não dá é para ficar parado. Se nada for feito, jogos da Champions League em pouco tempo poderá ter em Campinas a dimensão de um dérbi.

(Elias Aredes Junior-Com foto de Thomaz Marostegan-Guarani FC)