Conselho Deliberativo aprova orçamento de Série A para 2021. Sem acesso garantido. A boa gestão recomenda? Vários exemplos dizem não.

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Em reunião realizada na manhã deste sábado o Conselho Deliberativo da Ponte Preta aprovou a proposta de orçamento para 2021 e que ficaria em aproximadamente R$ 70 milhões.

O documento foi aprovado por 53 conselheiros e com sete votos contrários. Indiretamente, a resolução da diretoria executiva e dos conselheiros pode se transformar em mais um fator de pressão sobre comissão técnica, departamento de futebol e os jogadores.

Basta raciocinar. Uma diretoria sagaz e esperta deveria apresentar possibilidades de orçamento. Uma peça caso o acesso não seja conquistado e outra caso a conquista seja alcançada.

Não só por uma questão financeira e sim transmitir ao departamento de futebol que todas as opções são estudadas e existe anteparo às armadilhas do futebol. E que acontecem mesmo quando tudo é feito de modo correto. Lembram de 2018, quando a Macaca teve uma arrancada fabulosa com Gilson Kleina mas foi incapaz de fazer um mísero gol no Avaí. Dedicação teve. Mas não virou.

Ao fazer tal proposta, a diretoria executiva da Ponte Preta dá o seguinte recado: é tudo ou nada. Vai ou racha. Ou vocês alcançam o sucesso ou tudo irá por água. Um erro descomunal de gestão. Mais: terceiriza o fracasso. É como se dissesse: “Nós fizemos a nossa parte. Se o acesso não foi alcançado foi por culpa de vocês”.

Se a diretoria comandada por Tiãozinho e apoiada por Sérgio Carnielli e Vanderlei Pereira acham que eu exagero, uma dica cultural: no serviço de streaming da Prime existe a disposição, o documentário “Tudo ou Nada”, que retrata a temporada do Tottenham no futebol inglês na temporada 2019/2020.

José Mourinho, um técnico multicampeão, quando foi contratado, tinha como missão levar o time a Liga dos Campeões. Mas a irregularidade da equipe fez com que a missão ficasse cada vez mais distante e terminasse na sexta posição com 59 pontos. Só os quatro primeiros tinham vaga na UCL.

Decepção? Frustação? Lógico. Só que tanto Mourinho como o presidente da agremiação, Daniel Levy, no oitavo episódio, buscam maneiras de encontrar um discurso que incentive a produção dos jogadores e não coloque mais pressão. E quanto ao orçamento, apesar da pandemia e das possíveis, Levy decide analisar dia a dia, sem pressa, para depois definir o que fazer para o restante da temporada e posteriormente planejar a próxima.

O futebol tem dois ativos preciosos: torcida e os jogadores. No Tottenham existe uma fissura por sua preservação e valorização. Na Ponte Preta, a impressão é contrária.

Não tenho duvidas: a Ponte Preta encontra-se na luta pelo acesso graças a superação de um punhado de jogadores, a dedicação da comissão técnica e a pressão exercida pela torcida, que clamou por mudanças. Se subir, coloque o mérito em tais personagens. Se depender da diretoria executiva ficará difícil. É erro atrás de erro. Pior: falta humildade para admiti-los.

(Elias Aredes Junior)