Guarani, demissão de Claudinei Oliveira e a infinita terceirização de culpa na gestão do futebol profissional

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Claudinei Oliveira não é mais técnico do Guarani. O torcedor apressado pode considerar a medida como acertada. Nada mais tradicional no futebol. Resultados ruins ficam no lombo do treinador. Mas será que esse é o caso do Alviverde? Será que as avaliações não estão equivocadas?

No início do ano passado todos consideravam que o algoz era Mozart. Ele não prestava, servia ou sequer tinha qualquer capacidade para ser treinador no Brinco de Ouro. O mesmo Mozart que levou ao Mirassol a sonhar com o acesso em 2023 e que fez um Campeonato Paulista seguro e sem atropelos.

Posteriormente, o Conselho de Administração não levou isso em conta e lhe demitiu. Contratou Umberto Louzer, um profissional que avisou no segundo turno sobre a necessidade de reforços para a reta final da Série B. Ninguém fez nada. Braços cruzados. O time caiu de produção e Louzer ficou com toda a culpa. Ninguém, absolutamente ninguém apareceu para acudi-lo e assumir responsabilidades. Detalhe: Mozart campeão na Série B de 2020 e na Série A-2 com o próprio Guarani. Será que é tão ruim assim? Não, não é.

Em entrevista a Rádio Brasil Campinas, Louzer deixou claro que a responsabilidade pelas contratações era de André Marconatto, Ricardo Moisés e Juliano Camargo, o Executivo de Futebol da vez. Ser transparente tem seus dividendos pesarosos. Louzer foi presenteado com a demissão e ninguém surgiu para defendê-lo. A terceirização de culpa é infinita.

O filme é repetido com Claudinei Oliveira. Que pegou um time limitado para comandar e pelo menos assegurou a permanência no Paulista. Perdeu dois jogos? Verdade. Mas ninguém nega o fato de que o elenco é pobre, limitado e pior: sem personalidade. Culpar o técnico é a solução? Ele é o bode expiatório? Não parece um filme repetido cujo os principais protagonistas nunca aparecem? Pois é. 

Enquanto isso, integrantes do Conselho de Administração não dão entrevistas, o CEO não dá esclarecimentos a imprensa , a mesa do Conselho Deliberativo permanece inerte e o torcedor sofre.

Os integrantes do círculo de poder no  Guarani estão como o patrão que fornece o pior material do mundo para alguém limpar um local e depois que o serviço deixa a desejar eles afirmam que a culpa é da pessoa que executou o serviço e não de quem forneceu o material deficitário.

Independente de quem for o próximo técnico, seria de bom grado que a cúpula do Guarani acordasse para os fatos. Daqui a pouco pode ser tarde demais.

(Elias Aredes Junior-Foto de Raphael Silvestre-Guarani F.C)