Direção da Ponte Preta e seu desafio: superar a síndrome de Tia Chata

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Quem nunca teve uma tia chata? Seja casada ou solteira, sua capacidade era ímpar em estragar as festas de família. Sob qualquer circunstância. Se estivesse entre os homens, era a primeira a falar que “futebol é assunto chato e não leva a nada”. No meio da mulherada, vinha cheio de papo cabeça ou conceitos que destroçavam a conversa desenvolvida.

E nas crianças? A brincadeira comia solta, a peraltice emoldurava as futuras recordações de infância e de repente a tia chata vinha com as frases chavões: “Não fica ali!Para de fazer bagunça! Vai brincar dentro de casa! Saí daí do quintal!”. Realmente, dificilmente de aturar. Pois eu digo que a direção da Ponte Preta, se fosse uma família, estaria lotada de tias chatas. Prontas a serem estraga prazeres.

Ninguém aqui recrimina a fissura dos comandantes em preservarem as finanças e buscarem saúde financeira do clube. Qualquer pessoa concorda. Só que na nossa família, em que as preocupações do equilíbrio orçamentário são constantes, temos  a determinação de blindar os nossos filhos, sobrinhos e netos para que eles nunca, jamais percam o sonho, o lado lúdico da vida. O pega-pega, pique esconde, o sonho puro e inocente não tem qualquer relação com aquilo que está no bolso.

Assim como a “tia chata”, a diretoria da Ponte Preta faz a relação entre dinheiro e sonho, busca de objetivos e a realidade. Tal prioridade precisa estar no dia a dia dos gabinetes, mas não pode deliberadamente querer contaminar as arquibancadas. Um doping excessivo de choque de realidade.

O torcedor da Ponte Preta sabe das limitações financeiras do clube. Reconhece a disparidade entre a Macaca, outros times médios e gigantes que levam acima de R$ 100 milhões. Isso já sabe. Está careca de saber. As arquibancadas só querem ter o direito de sonhar. Imaginar que um dia o acaso vai presentear a Alvinegra e o tão sonhado título será conquistado. E sem almejar na mente, sem desejar, como chegar lá? Impossível.

Erro da diretoria é confundir transparência com destruição de sonhos. É típico de uma tia chata. Querem um exemplo? Veja o que disse o gerente de futebol Gustavo Bueno na semana passada. No afã de explicar e justificar oscilações negativas, o caminho foi em estragar e exterminar o desejo do torcedor. Típico de tia chata. Leia: “Tudo é um trabalho que tem que ser conduzido a médio e longo prazo. É muito difícil dentro de uma realidade orçamentária que a Ponte Preta vive hoje, conseguir briga com as grandes equipes. Eu vou dar um exemplo aqui: o Campeonato Brasileiro de pontos corridos começou em 2002. Até 2016 teve um ano só que o Atlético Paranaense conseguiu estar entre os quatro, pela briga da Libertadores. Nenhuma outra equipe de orçamento médio conseguiu. As pessoas tem que entender que a manutenção na Série A Para a Ponte Preta, é que vai trazer uma receita maior, uma rentabilidade maior, para que consigamos atingir os objetivos”, disse.

Olha, ninguém nega tais preceitos ditos pelo Gustavo Bueno. Ninguém nega sua boa intenção e honestidade. Agora, o duro é utilizar tais ideias como uma ducha de água fria. É como a tia chata pedir para o sobrinho sair do quintal e brincar no quarto porque o cachorro é bravo. Ele está com coleira e distante do garoto. Mas o que interessa é preservar a segurança do garoto. E terminar com a brincadeira.

Pois é. Que a diretoria da Ponte Preta aprenda para 2017: planeje e trabalhe com afinco mas não mate o sonho alheio. De tias chatas já estamos repletos.

(análise feita por Elias Aredes Junior)