O futebol é o ramo de negócio mais sem sentido do planeta. Exigimos profissionalismo e cumprimento de horários de todos. E somos dotados de um critério torto em perdoar uns e punir outros.
Vou deixar que minha análise parta de uma informação: o relacionamento entre Roger e o atual presidente da Ponte Preta, Sebastião Arcanjo está tenso. Não chego ao cumulo de dizer que o quadro é irreversível e haverá rompimento. Nada disso.
Mas o fato é que este repórter apurou que algumas atitudes tomadas pelo atacante deixaram o dirigente desgostoso. Não há nada contra a figura do Roger e sim decisões que prejudicaram ou a condução do trabalho na Macaca ou a imagem da instituição.
Desde a expulsão no dérbi, Roger recebeu inúmeros pedidos de emissoras de rádio e televisão e de portais para que ele esclarecesse o seu lado. Além de falar de outros assuntos. Internamente, o atleta disse reiteradamente que não queria falar com ninguém. Ninguém é ninguém. E foi essa a informação fornecida pela Ponte Preta. Eis que o atleta concedeu uma entrevista para o jornalista Jorge Nicola.
Detalhe: sem encontrar-se com o uniforme do clube, o que gerou outra contrariedade, porque um dos requisitos para o pagamento do direito de imagem é que em eventos midiáticos o atleta esteja com o uniforme do clube. É uma cláusula presente no contrato. Até porque o jogador cede a imagem ao clube. E Roger não estava com nenhum apetrecho.
Na quarentena, todos os jogadores foram orientados a permanecerem em suas residências. E assim como outros atletas, Roger participou de confraternizações familiares e culminou com o culto em uma igreja evangélica no ultimo domingo. Um local com aglomerações. Isso fará com que Roger faça um novo exame. É um custo irrisório para um clube de futebol? É. Mas é um custo. Resultado: a nota publicada pelo clube em que deixa claro que a orientação era permanecer em casa. Depois, acuado e sem saída, Roger pediu desculpas. Mas o Só Dérbi apurou que o presidente pontepretano ainda estaria desgostoso, especialmente porque considera que o tratamento pessoal direcionado por Roger aos componentes do departamento médico não foi o mais adequado.
Pense. Se você fosse um empresário e um funcionário seu descumprisse ordens seguidas, a atitude correta não seria, no mínimo, dar um puxão de orelhas.
Infelizmente, uma parte da torcida da Ponte Preta paparica o jogador. Tem relutância em vislumbrar os seus erros profissionais e aqueles que atrapalham a atuação profissional. Chega a ser surreal que um atleta de 35 anos precise de um escudo para esconder ou justificar suas vaciladas.
Disse e repito: Roger é o personagem mais interessante do futebol de Campinas. Mas é humano. Acerta. Erra. E não precisa de colo ou de paparico e sim de concentração e dedicação para fazer aquilo que todo mundo espera na Ponte Preta: gols.
(Elias Aredes Junior)