O Dérbi 209 produziu um triste capítulo para a imprensa esportiva campineira. A decisão polêmica tomada por Raphael Claus detonou um clima de pavor e pânico entre profissionais de imprensa, seja qual for o meio utilizado. Bugrinos cobravam que os jornalistas detonassem o árbitro. Pontepretanos foram as redes cobrar que os profissionais de imprensa abraçassem a tese deles. Ou seja, de que o gol de pênalti anotado por Danilo Barcelos foi originado de um pênalti corretamente marcado. Foi instalado um clima de pânico e terror entre os jornalistas. Medo e pavor de se posicionarem. Alguns (alguns!) torcedores de lado a lado emitindo frases e conceitos que resvalam em uma violência injustificável.
Muitos torcedores pontepretanos e bugrinos pregam contra a violência da boca para fora. De qualquer lado. Na hora que seu time é prejudicado ou beneficiado, o que acontece é uma caça às bruxas para que sua tese seja encampada. Infelizmente, muitos bugrinos e pontepretanos consideram que a violência, mesmo a psicológica, seja o melhor caminho para proporcionar um trabalho de qualidade a imprensa campineira. Não é.
Existem profissionais com trabalho ruim e que falham? Sim. Existem. E eles atrasam o desenvolvimento do futebol campineiro. Abraçam o entretenimento, bajulam dirigentes, não emitem o noticiário de maneira correta, desvalorizam ou não abrem espaço para novos talentos…A lista é infinita. Poderia passar dias e horas e mostrar defeitos não somente de minha parte, mas da imprensa esportiva campineira em geral.
O problema é que a escolha de alguns torcedores em querer tutelar, ameaçar e praticar violência verbal por intermédio das redes sociais não vai resolver nada. Só geram profissionais de imprensa receosos e amedrontados e ameaçados não somente com sua integridade física, mas até de seus familiares. Resultado: o noticiário, os comentários, as reportagens aparecem embalados pelo signo do medo e do pavor. Neste cenário, a busca pelo entretenimento vira uma questão de sobrevivência. Não somente na parte financeira, mas de vida. Ninguém se posiciona.
Sei que estarei indo contra a maré, mas afirmo: assumir o time para o qual torce não é a solução. Pelo contrário. Só piora. Respeito todas as opiniões sobre algo tão controverso, mas considero que essa informação é de foro íntimo e privado. O que se deve praticar é jornalismo. Até porque alguém pergunta para quem o jornalista político vota? Ou se o jornalista econômico é liberal ou desenvolvimentista? Jornalista informa, analisa fatos, opina e contextualiza para o público. Suas bandeiras lhe ajudam na formação, mas não deve encontrar-se a frente da sua principal função, a de informar.
Ninguém está a salvo da violência, seja virtual ou real. Assumindo ou escondendo o time.
O fato é que em Campinas realmente a imprensa esportiva precisa parar com arroubos de vaidade e deixar de olhar por cima dos outros por se considerar melhor somente pelo fato de ser alguém famoso ou por conviver com idolos e ex-boleiros. O que precisamos é de informação, qualidade e conteúdo. Sim, estamos devendo.
Só que dirigentes vociferarem impropérios ou torcedores utilizarem as redes sociais como arma de guerra não é a trilha correta. Só a discussão madura e com paz, gentileza, educação e com argumentos pode resolver o nosso problema de qualidade. Tutelar a imprensa pelo medo e pavor é um tiro no pé. Só piora.
(Elias Aredes Junior com foto de Rafael Ribeiro-CBF)