Fumagalli é maior que o Guarani?

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O assunto é espinhoso. Alguns dizem que tenho má vontade com o jogador. Ou que desejo persegui-lo. Mentira. Por um único motivo: sempre foi solícito, educado e bom papo com a imprensa. Inclusive comigo. Tal deferimento não pode esconder fatos que depõe contra a equipe e prejudicam não só a ele, como o conjunto. Sim, falo de Fumagalli, o camisa 10 do Guarani.

Ney da Matta está perdido. Não sabe o que fazer. A cada jogo um posicionamento diferente para o atleta. Em nome de preservar o principal craque do time, arrebentou com o conceito do seu próprio esquema tático, calcado na força, velocidade e recomposição em tempo recorde.

Contra o XV de Piracicaba, mais uma tentativa: posicionou o jogador de 39 anos em um faixa restrita de campo, entre o circulo do meio-campo e a meia lua da área adversária.  Não teve função para marcar, não precisou recompor. Participou dentro do possível da partida e protagonizou lances perigosos de bola parada.

Algo chamou atenção: Fumagalli arrastou-se em campo nos últimos 15 minutos. Não tinha folego, capacidade de chegada no ataque. Nada. Era quase um zumbi. Ney da Matta sequer cogitou fazer a alteração da rodada passada, quando tirou o atleta e apostou em Dênis Neves. Fez os outros 10 companheiros correrem por ele. Tudo em nome da harmonia do grupo.

Importante ressaltar a produção de um cenário pela própria diretoria de futebol. Existe escassez de dinheiro e as contratações foram realizadas dentro da condição financeira. Obstáculo dificil de negar. Mas fica impossível ignorar que não obtido nenhum atacante de referência foi contratado para exercer a função enquanto Eliandro recupera-se de lesão. Se tal providência fosse tomada, Fumagalli não seria a única centelha ofensiva da equipe e aposto que já estaria sentado no banco de reservas para ser acionado nos 20 e 25 minutos finais.

Fumagalli é ídolo do Guarani. Fato. Defendeu a camisa bugrina em instantes de dificuldades e problemas financeiros e de auto estima. Mas ele não é maior do que a instituição. É uma peça da engrenagem, não é coração e pulmão. Não é o imperador do Brinco. Mas quem terá coragem de quebrar o tabu e encarar a realidade ? Aguardemos.

(análise feita por Elias Aredes Junior- foto: Michel Lambstein)