Aconteceu com amigos e com este que vos escreve. Na vida escolar, existe um instante de dificuldade de aprendizado. Incapacidade de absorver o conteúdo. Notas vermelhas entram no horizonte e o fantasma da reprovação entra no radar. Cada dia vira um pesadelo, não só para o aluno, mas aos seus pais. Entra nos adultos um sentimento de fracasso em seu planejamento na educação dos herdeiros.
Qual a saída? Contratar um professor de reforço. Fora do horário de aula, o mestre repassa o conteúdo, estabelece uma nova formula didática e em ultimo caso até olha no caderno do aluno para verificar se o pupilo acompanha tudo. Todos ficam felizes: o aluno porque vê sua autoestima restabelecida; o professor alternativo sorri de orelha a orelha porque verifica que sua metodologia é um sucesso; e os pais porque em certo período ficam livres da acusação de que não sabem educar seus filhos.
Em alguns casos, tal diagnóstico contra os pais é uma tremenda injustiça. Em outros, corresponde a mais pura verdade.
Ué, o que isso tem a ver com o futebol e a Ponte Preta? Tudo. A diretoria pontepretana são os pais relapsos, incapazes de perceber as nuances e a características de seus filhos, no caso os jogadores e que frequentam a escola pertencente aos país.
Como pouco fracasso é bobagem, poderíamos dizer que se o departamento de futebol fosse uma escola, há seis meses está sem diretor após o pedido de licença de Ronaldão. Marcelo Barbarotti? É o inspetor de alunos improvisado na função. Neste período, os pais e “donos” da escola (leia-se Diretoria) tentaram tudo quanto é tipo de mestre. Teve o didático como Doriva; o amigão da turma mas exigente como João Brigatti; ou o dotado de conteúdo mas incapaz de transmiti-lo como Marcelo Chamusca. Resumindo: não era desprezível a possibilidade de reprovação. Em resumo: Série C.
Eis que chega Gilson Kleina, um treinador que poderíamos dizer que é um adepto do estilo do professor John Keating, o protagonista vivido por Robin Williams no filme “Sociedade dos Poetas Mortos”, produzido em 1990.
Porque? Assim como o personagem vivido pelo astro norte-americano, Kleina implantou novos métodos e soube afastar todo e qualquer resquício de medo e temor dentro do vestiário. Os jogadores passaram a acreditar não somente em seu potencial, mas do semelhante. E abraçaram as teses do professor Keating paranaense.
Gilson Kleina demonstra que assim como bons professores, por vezes não é necessário ser gênio ou dotado de um conteúdo exponencial para extrair uma nota 10 da sala de aula. Uma dose de amor e empatia pode fazer uma diferença brutal. Basta ter sensibilidade como o professor Keating. E isso Kleina tem de sobra.
(análise feita por Elias Aredes Junior)