O pior defeito a ser apresentado por um gestor é a falta de iniciativa. Vamos analisar os ingressos firmados pelo Guarani em R$ 80 para quem não for sócio e R$ 40 para quem adquirir a meia entrada, que pode ser estendida para quem adentrar ao estádio com a camisa oficial do clube.
Você pode alegar que o torcedor pobre pode ficar sócio, pagar R$ 50 e aliviar o bolso e dependendo do plano levar um acompanhante. Meia verdade. Futebol não é algo isolado. Nunca está dissociado da nossa vida em sociedade.
Entendam: para quem ganha R$ 2.400 por mês, tem dois filhos e precisa conviver com alta da conta de luz, água, telefone celular o valor fixo de R$ 50 é inviável. Ele precisa de ingressos baixos para pelo menos uma vez ou outra acompanhar o seu time de coração. Resumindo: o futebol deixou de popular e virou produto da classe média.
Alguns clubes da Série B souberam utilizar a criatividade e abraçaram programas que, abre uma perspectiva de colocar o pobre para dentro do estádio.
O primeiro exemplo vem do CRB, que antes do clássico com o CRB, disponibilizou a retirada de 50 ingressos gratuitos para quem comprovasse possuir baixa renda.
Outra grande sacada vem do Sampaio Côrrea, que instituiu o ingresso solidária. Como funciona? Basta comparecer para adquirir o bilhete com um quilo de alimento não perecível e recebe em troca um desconto generoso. Em um dos setores do estádio Castelão, a reportagem do Só Dérbi constatou que os participantes do programa recebiam um ingresso de R$ 25 ao invés dos R$ 60 originais.
Outras agremiações baratearam o ingresso para quem participa da vida do clube.
Exemplo disso verifica-se no Remo, que disponibilizou entrada para os participantes do projeto “Jogo da Luz”. O programa foi lançado em dezembro de 2019 e tinha o intuito de arrecadar recursos para a compra do sistema de iluminação do estádio azulino. A diretoria iniciou com vendas de vouchers no valor de R$60 o primeiro lote, R$70 o segundo e R$80 o terceiro. Com a volta do futebol, muitos torcedores questionaram nas redes sociais se teriam ou não direito ao jogo nesta retomada do público aos estádios. Diante do Coritiba, a agremiação voltou com o programa e cobrou apenas um valor de R$ 5 para quem participou do programa.
Se não for por questão social, o Guarani poderia buscar um ingresso mais caro por questão esportiva.
Veja o que faz o Botafogo, dentro do G4 e com ingresso promocional a R$ 10. Detalhe: um jogo no Engenhão sem presença de torcida, o custo ficava em R$ 69 mil. No empate com o Cruzeiro, no dia 29 de setembro, as despesas do Guarani ficaram em R$ 34.943,27. Pergunta: por que o Botafogo, com uma dívida que beira a R$ 1 bilhão pode estipular ingresso a R$ 10 e o Guarani, que anuncia redução de dividas trabalhistas e outras conquistas não pode apresentar um ingresso mais barato?
O Guarani diz que ainda sonha com o acesso. E o ingresso mais barato é R$ 40. Pobre torcedor.
(Elias Aredes Junior-foto de Thomaz Marostegan)