Á primeira vista, os números são incontestáveis. Dignos de um ídolo. São 272 jogos e 73 gols. Vários decisivos. Personagem principal no vice-campeonato da Série C do ano passado e condutor do meio-campo nos tempos de vacas magras. Seu poder e influência chegou a ficar tão destacado que sua opinião tem peso no cotidiano. Sim, estamos falando de Fumagalli, o camisa 10 do Guarani prestes a encarar a hora da verdade.
Apesar do que acreditam muitos de seus defensores, este jornalista nunca desdenhou ou desprezou os feitos do atleta de 39 anos no Brinco de Ouro. Comparativamente, seu papel é semelhante ao de Roberto Dias, zagueiro impecável na marcação de Pelé na década de 1960 e figura principal do São Paulo enquanto o Morumbi era erguido.
Só existe um problema: o tempo passa. Todos nós seremos vítimas da perda de vigor, disposição e queda de rendimento físico. Imagine um atleta de alto rendimento. Fumagalli não foge doe quadro. Está com 39 anos e terá dificuldades para acompanhar o ritmo alucinante da Série B. Não só pelos jogos as terças, sextas ou sábado e sim pela exigência física. Os jogos têm intensidade, marcação ferrenha e a resistência é fundamental. Convenhamos: não há como exigir isto para um homem com a idade de Fumagalli. Só se for um fenômeno.
Descartar o jogador é a solução? Não. A saída é apostar que em sua entrada no segundo tempo, nos 20 ou 30 minutos finais para servir de trunfo e furar retrancas seja na bola parada venenosa ou em lançamento decisivo. Como os adversários estarão desgastados fisicamente, a chance do seu talento aparecer cresce.
Sei que existem fãs de Fumagalli que resvalam no fundamentalismo. Não admitem que o ídolo tenha perda de status. Mas é preciso discutir, debater e encontrar uma maneira do atleta usufruir com dignidade e produtividade os últimos instantes da carreira. E que o Guarani tire proveito. É justo, legitimo e maduro.
(análise feita por Elias Aredes Junior)