Pense em um hipotético eleitor da Ponte Preta. Olhou para as propostas da oposição e ficou decepcionado pela ausencia de diretriz e consistência. O caminho natural seria ratificar o seu voto no atual grupo que está no poder, correto !? Errado. As decisões tomadas nos últimos anos produzem um ataque de nervos no torcedor devido a ausência de continuidade, filosofia de trabalho e de convicção para buscar resultados concretos.
Pegue como exemplo os treinadores. Desde 2015, Guto Ferreira, Doriva, Felipe Moreira, Vinicius Eutropio, Alexandre Gallo, Eduardo Baptista, Gilson Kleina e agora novamente Eduardo Baptista. Sete nomes diferentes e com filosofias distintas. Cada um tinha seu perfil de trabalho e no final a própria Ponte Preta não tinha identidade e uma maneira de jogar. Queiramos ou não, o Atlético-PR desde a chegada de Paulo Autuori, por exemplo, nunca largou sua convicção no 4-2-3-1. Apostou que este era o caminho. Bem ou mal neste ano disputou a Copa Libertadores de América.
Neste mandato de Vanderlei Pereira a Macaca teve bons instantes? Sim, não há como ignorar o vice-campeonato paulista de 2017 ou o oitavo lugar do Brasileirão de 2016. Fica a pergunta: qual o legado? O que foi plantado devido a esses bons momentos? Nada, nada, nada.
Uma quantia razoável é investido nas categorias de base sem uma revelação bom porte. Qual foi o último jogador de ponta revelado pela base da Ponte Preta, capaz de jogar nas principais ligas do futebol europeu? Hernani, Octávio são crias do Atlético-PR com amplo mercado. Até o Avaí com suas limitações escancaradas tem um jogador do naipe de Luanzinho para encaminhar ao distinto público.
No Sport, a contusão da revelação Everton Felipe traz dias sombrios na Ilha do Retiro. Sentimento produzido pela ausência de um talento de marca maior. Na Ponte Preta quem poderia envergar tamanha força e categoria? Ravanelli? Jeferson? Eu respondo: ninguém. O fato é que o clube revelador de talentos nas décadas de 1970, 1980, 1990 decidiu “aposentar” as descobertas de primeira linha e focar em coadjuvantes. Muito cômodo acusar Gustavo Bueno pelo fracasso. Como no passado também foi fácil apontar o dedo para Ocimar Bolicenho e elegê-lo como autor de todos os malefícios. A questão é bem mais encima.
Outro desastre é a política de comunicação do clube. O fracasso não pode ser creditado aos profissionais responsáveis e sim aos comandantes, imbuidos de virarem as costas ao torcedor e não dar satisfação para a razão de ser e de viver da Ponte Preta. Prova disso foi sentido pela reportagem Só Derbi. Por 15 dias pedimos um retorno por parte dos dirigentes sobre as perguntas que foram respondidas pela oposição. Nem uma palavra ou satisfação. E este foi o comportamento nas fases de crise, nesta dramática luta pelo rebaixamento ou para dar satisfação no Conselho Deliberativo.
Uma situação com ideias envelhecidas e uma oposição com conceitos superficiais e que deseja um cheque em branco. Que Deus tenha piedade da Ponte Preta e de seus eleitores.
(análise feita por Elias Aredes Junior)