Análise: O Guarani está no lugar errado. E todos sabem disso!

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Não é novidade que, sob diversas perspectivas, o futebol brasileiro caminha a passos largos rumo ao regresso. O futebol paulista, por sua vez, também não está isento das críticas. Cada vez piores, as partidas da Série A1, transmitidas nacionalmente, são de nível técnico terrível. Aliás, pouquíssimos times do interior se salvam. Talvez, conta-se nos dedos. Predomínio da raça em detrimento da técnica e organização, ausência de jogadas de linha de fundo, triangulações, ultrapassagens, criatividade e lances ensaiados são aspectos pouco observados nos jogos da elite estadual.

Mas o que isso tem a ver com o Guarani? Explico! Embora esteja na Série A2, o Bugre desempenha algumas dessas características com eficiência. Trata-se de um time rápido do meio-campo para frente, com jogadores habilidosos e bom entrosamento, o que possibilita jogadas de maior primor técnico. Os lances que utilizam os laterais, sobretudo Lenon, válvula de escape pelo setor direito, também não podem passar despercebidos.

É lógico que o Alviverde não é uma máquina ou um primor técnico, capaz de medir forças com os quatro grandes de São Paulo. Há defeitos, principalmente defensivos, falhas de posicionamento na primeira linha de quatro e por aí vai. No entanto, o atual desempenho dos comandados de Umberto Louzer é satisfatório, digno de Série A1, se comparado com algumas equipes limitadíssimas do pelotão de cima.

Acompanhei de perto o empate sem gols entre RB Brasil e São Bento, no Moisés Lucarelli, e sai espantado. Em 90 minutos, poucas finalizações, muitos passes errados, falta de intensidade, de qualidade técnica e de criatividade no meio-campo. Se o jogo tivesse sido uma prova escolar, poucos atletas teriam notas acima da média. Transpiração, chutões e cruzamentos foram a tônica da partida, péssima em termos de emoção. O pior: o confronto não foi uma exceção, mas somente um entre tantos exemplos na temporada.

Quem conta com Bruno Brígido, Lenon, Bruno Nazário, Rondinelly e Bruno Mendes pode – e deve – sonhar alto. Afinal, é obrigatório sonhar em retornar ao patamar mais alto do estado. Na Série A2, o Guarani luta para sair deste incômodo sofrimento e, ao que parece, vai brigar até o final para isso.

O momento é de definição – restam apenas seis rodadas na 1ª fase – e exige concentração, trabalho e perfeição para que o objetivo principal não seja, mais uma vez, adiado. Mas todos sabem que, com o futebol apresentado em nove rodadas, o Guarani se candidata, com todas as forças, ao acesso.

Convenhamos, o Bugre está no lugar errado. Precisa de um combustível extra, um algo a mais para sair deste inferno e respirar novos ares. Em outras palavras, Série A1.

(análise de Lucas Rossafa/foto: Letícia Martins – Guarani Press)